Plantão Médico: é possível fazer crianças usarem a máscara corretamente?
Cardiologista Dante Senra e infectologista Marcelo Otsuka tiraram dúvidas sobre a Covid-19
Enquanto novos estudos relacionam crianças com o aumento da transmissão de Covid-19, o médico Marcelo Otsuka, coordenador de infectologia pediátrica da Sociedade Brasileira de Infectologia, alerta para que adultos se certifiquem de que os filhos usem corretamente as máscaras — embora admita que a missão possa ser complicada.
“É realmente difícil colocar máscara em crianças, mas vemos algumas até abaixo dos 2 anos que estão usando. Mas tem que ser uma máscara específica para a criança, não dá para colocar a de adulto nelas. (…) Se for possível, deve se usar a máscara sim, e o ideal é a criança só sair de casa se realmente precisar”, disse o especialista ao quadro #PlantãoMédico, da CNN.
Otsuka ressaltou que apesar do temor de que as crianças ajudem a propagar o novo coronavírus, o que acontece atualmente é o contrário: são os adultos que estão passando Covid-19 para elas.
“Se tem alguém cumprindo o isolamento, são as crianças. Logo, sabemos que são poucos os casos de crianças transmitindo para adultos. Normalmente é algum adulto que não está respeitando [a quarentena] e contamina essa criança em casa.”
O infectologista também falou sobre o impacto psicológico nos pequenos isolados há meses com a família. Segundo Otsuka, é fundamental manter a mente das crianças ocupadas para minimizar os efeitos negativos da quarentena.
“[Devemos] manter atividades para as crianças em casa para que elas possam, de alguma forma, ter um pouquinho de ação externa, mas sempre com os cuidados necessários. E sabemos que muita coisa dá para fazer dentro de casa também, a tecnologia permite isso. Temos que usar essas opções para perjudicarmos o mínimo possível as crianças”, completou.
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Terceira e quarta onda da pandemia
O cardiologista Dante Senra, que é PhD pela Universidade de São Pauli (USP), também participou do #PlantãoMédico deste domingo falando sobre o que os médicos consideram como as possíveis terceira e quarta ondas da pandemia de Covid-19.
“Devemos ter uma segunda onda [da pandemia], que costuma ser menor. Mas a terceira onda é o agravamento das doenças pré-existentes por falta de cuidados. As pessoas deixaram de fazer seus exames cardiológicos, deixaram de medir a pressão, aumentaram de peso e beberam mais [durante o isolamento”, disse.
Segundo Senra, a falta de assistência médica durante a quarentena para doenças crônicas já é considerada grave. “As pessoas têm vindo ao hospital com suas taxas metabólicas absolutamente fora de controle”, pontuou.
A quarta onda da pandemia, segundo o médico, será a de problemas emocionais. “Do ponto de vista emocional, todos nós estamos contaminados com a pandemia. (…) Nosso status emocional pré-pandemia é decisivo porque determina a maneira como iremos enfrentá-la.”
(Edição de texto: Luiz Raatz)