Pesquisadores desenvolvem teste que pode detectar câncer bem antes de sintomas
Exame, chamado de PanSeer, analisa modificações do DNA em circulação no corpo e teve sucesso de 95% na detecção de cinco tipos da doença
Uma equipe de pesquisadores da China desenvolveu um novo teste sanguíneo capaz de detectar cinco tipos diferentes de câncer com até 4 anos antecedência em comparação com métodos tradicionais.
O exame, chamado de PanSeer, avalia modificações do DNA a partir da adição de um grupo metil ao código genético do tumor em circulação no corpo. O resultado da pesquisa foi publicado na terça-feira (21) na revista científica Nature Communications.
“O PanSeer analisa assinaturas específicas de metilação do câncer e demonstra a detecção precoce de vários tipos de câncer até quatro anos antes do diagnóstico convencional em um estudo longitudinal retrospectivo em larga escala”, escreveram.
Os pesquisadores usaram algoritmos de machine learning – um tipo de inteligência artificial – para desenvolver um sistema que pudesse determinar se algum DNA encontrado circulando no sangue era um indicativo de tumor ou não.
Assista e leia também:
Pandemia afetou tratamento de câncer, aponta SUS
Coronavírus supera câncer e enfarte; por dia, já é a 1ª causa de mortes no país
Foram analisadas amostras de plasma de 605 pessoas assintomáticas. Mais tarde, 191 delas foram diagnosticadas com câncer de estômago, esôfago, colorretal, pulmão ou fígado. Os tumores foram detectados entre um e quatro anos após o teste.
Entre as pessoas diagnosticadas com câncer, o teste havia indicado a possibilidade de surgimento da doença em 95% delas. Ele também detectou os tumores em 88% dos casos de pessoas que já tinham o diagnóstico confirmado.
Os tipos de câncer escolhidos pelos pesquisadores são os que têm as mais altas taxas de incidência na cidade de Taizhou, base da pesquisa, e que, combinados, são responsáveis pela maior parte das mortes por câncer no país.
Os pesquisadores disseram ser improvável que o teste consiga prever a possibilidade de se desenvolver câncer, mas que pode detectar o desenvolvimento da doença antes do surgimento de sintomas ou de ser percebido por outros métodos.
Para desenvolver o teste, a equipe usou amostras de plasma sanguíneo coletadas de 123.115 pessoas na China entre 2007 e 2014 como parte de uma pesquisa mais ampla.
Eles ressaltaram também que o estudo tem limitações, como a pequena quantidade de plasma disponível para análise e o fato de elas não terem sido armazenadas em condições ideais. A equipe também escreveu sobre a possibilidade de algumas das amostras terem sido contaminadas.