Pesquisadora da Fiocruz: Autonomia brasileira em vacinas possibilitará doação
À CNN, Margareth Dalcolmo diz que produção da Fiocruz e do Butantan poderão proporcionar doações ou negociações de imunizantes com países vizinhos
No segundo semestre de 2021, o Brasil avançou na vacinação contra a Covid-19. Dois estados brasileiros, São Paulo e Mato Grosso do Sul, já vacinaram 90% de sua população com as duas doses ou com o imunizante de dose única da Janssen. Outros três estados do sul do país estão com mais de 80% do público adulto completamente vacinado: Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Apesar da campanha não acontecer de maneira igualitária em todo o território, a autonomia brasileira na produção de vacinas possibilitará um cenário mais seguro e consistente daqui em diante. É o que explica a pneumologista e pesquisadora da Fiocruz, Margareth Dalcolmo
Ela diz que a produção da Fiocruz e do Instituto Butantan poderão proporcionar doações ou negociações de imunizantes, inclusive para países vizinhos.
“A autonomia brasileira alcançada com a produção de vacinas, quer pelo Instituto Butantan, quer pela Fiocruz, permitirá, sim, num futuro próximo, que nós possamos colaborar com os nossos países vizinhos. Não tenho a menor dúvida disso. A autonomia brasileira, seguramente, vai possibilitar essa doação ou negociação com países da América Latina.”
Margareth explica que a América Latina tem diferentes taxas de cobertura vacinal e cita como um exemplo de disparidade o que ocorre no Haiti, que além de não ter capacidade de produção, não teve dinheiro para a aquisição de doses.
“Os países do Caribe receberam um percentual de vacina pelo mecanismo Covax Facility que não foi tão pequeno, no entanto, há países muito próximos de nós, como o Haiti, que não tem quase nada de população vacinada, o que eu considero um escândalo, inclusive, que o mundo tenha permitido isso numa população tão pequena. Por que não foram doadas doses para vacinar em massa aquela população?”, questiona a pesquisadora.
Uso de máscaras
Ainda durante a entrevista com a CNN, Margareth Dalcolmo comentou sobre alguns estados estarem desobrigando o uso de máscaras. Sobre isso, ela afirmou que “a máscara ainda será um equipamento necessário e que vai nos acompanhar por bastante tempo.”
Segundo ela, para flexibilizar esta medida, é preciso que o país como um todo tenha um índice muito baixo de mortes relacionadas à doença e um número ainda menor de pessoas hospitalizadas pela Covid-19. Além disso, será preciso alcançar uma vacinação completa em 80% da população brasileira, considerando nesta estatística a dose de reforço para os grupos vulneráveis e/ou definidos para receber o reforço.
“O uso de máscara é absolutamente necessário ainda em todos os ambientes fechados. Nós somos a favor da volta às aulas, da volta aos trabalhos presenciais, porém as pessoas têm que usar máscara. A transmissão do SarsCov2, do vírus da Covid-19, é sabidamente ambiental. Então, a máscara estaria dispensada ao ar livre e em atividade sem aglomeração, sem dúvida nenhuma. Em atividades múltiplas, com muitas pessoas, mesmo sendo ao ar livre, se a proximidade for muito grande, deve sim usar máscara”, explica.