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    Percentual de bebês nascidos de mães com 35 anos ou mais quase dobra em 20 anos

    Segundo dados levantados pela Fiocruz, índice saltou de 9,1%, em 2000, para 16,5%, em 2020

    Getty Images/Tetra images RF

    Pauline Almeidada CNN

    no Rio de Janeiro

    O percentual de bebês nascidos de mães com 35 anos ou mais quase dobrou em 20 anos. Em 2000, o índice era de 9,1%, que saltou para 16,5% em 2020. Os dados  foram levantados pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), com base no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DataSus).

    Segundo o levantamento, 67,4% das gestantes tinham entre 20 e 34 anos em 2000, duas décadas depois, essa concentração caiu para 57,8%. Para a Fiocruz, os números indicam que a fecundidade no Brasil está ficando cada vez mais tardia.

    Especialistas destacam que, ao lado dos avanços científicos nas gestações das mulheres com mais de 35 anos, o acompanhamento médico é fundamental para o planejamento da gravidez e para amenizar riscos até o nascimento do bebê.

    O responsável pelo ambulatório de Reprodução Humana do Instituto Nacional Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), Luiz Fernando Dale, explica que cada mulher nasce com entre 1 milhão e 2 milhões de óvulos. Já na puberdade, o número cai para 250.000. Assim, quem deseja ser mãe chega aos 35 anos com o estoque bastante reduzido, após vários ciclos menstruais.

    Segundo Dale, a boa notícia é que “hoje existem exames que podem mostrar como está a reserva desses óvulos nos ovários, não com números, mas se a reserva é pequena, média ou grande, permitindo orientar a paciente”.

    Para quem já conseguiu engravidar após os 35 anos, Fernando Maia, obstetra e especialista em Medicina Fetal da Fiocruz, destaca a necessidade de atenção para doenças relacionadas à gestação tardia.

    A pré-eclâmpsia (hipertensão que pode prejudicar diversos órgãos da mulher e o fornecimento de sangue à placenta) e a diabetes gestacional, por exemplo, têm risco aumentado. Além disso, quanto mais madura a mulher, maior o risco de fetos com alterações cromossômicas, como Síndrome de Down, e de abortos espontâneos.

    Já em relação à amamentação, a obstetra Augusta Maria de Assumpção Moreira, da Fiocruz, aponta que a prática segue importante para o bebê independentemente da idade da mãe, sem contraindicações.

    “Quando falamos sobre qualidade do leite materno, temos que dizer que ele é a principal e mais importante fonte nutricional para o desenvolvimento de uma criança, repercutindo até na sua vida adulta”, afirmou.

    A Fiocruz ressalta que, independente da idade da mãe, o acompanhamento de quem decide engravidar por uma equipe de saúde é fundamental e começa mesmo antes da concepção, com uma análise anterior.

    “Nesse momento, o profissional de saúde vai avaliar quais os riscos que ela tem prévios à gestação (hipertensão, diabetes, alguma doença reumatológica, alguma condição que precise de cuidados específicos). No caso dos hábitos de saúde, em geral a mulher precisa ajustar as medicações, parar de fumar, de consumir álcool. Essa consulta é fundamental porque permite à mulher ajustar hábitos, medicações e condições clínicas para o início da gestação”, disse o médico Fernando Maia.