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    Pandemia da Covid-19 impôs desafio no combate ao avanço do HIV no mundo

    Sobrecarga no sistema de saúde provocado pela pandemia derrubou o número de diagnóstico de infecção pelo HIV no Brasil, dizem especialistas ouvidos pela CNN

    Teste para identificação do HIV
    Teste para identificação do HIV Rodrigo Nunes/MS

    Isabelle Resendeda CNN

    no Rio de Janeiro

    No Dia Mundial de Luta contra a Aids, celebrado nesta quarta-feira (1º), o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) alerta sobre o impacto da pandemia da Covid-19 nos serviços de prevenção e tratamento do HIV em todo mundo.

    De acordo com a UNAIDS, se as lideranças mundiais não conseguirem diminuir as desigualdades, o mundo poderá enfrentar 7,7 milhões de mortes relacionadas à AIDS nos próximos 10 anos.

    Desde o início da pandemia, o número de pessoas testadas para a infecção por HIV caiu drasticamente, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o que preocupa especialistas.

    Segundo o último Boletim Epidemiológico sobre HIV/Aids, do Ministério da Saúde, em 2020 foram 13.677 novos casos detectados no Brasil. Em 2019, esse número era 41.909.

    Entretanto, essa redução pode ter sido provocada pela pandemia de Covid-19, que impactou na redução do número de diagnósticos.

    Segundo o Painel de Monitoramento de Dados de HIV da pasta, durante a pandemia, houve uma queda de cerca de 15% no número de diagnósticos de HIV em 2020 na comparação com o ano anterior.

    Se for levado em conta o número de exames realizados até agosto deste ano, na comparação com o primeiro ano da pandemia, a queda foi de 16,05% – ou seja, superior ao registrado em 2020.

    Um outro dado que chama atenção é o aumento de casos na faixa etária a partir dos 60 anos, que mostra um aumento registrado nos últimos anos.

    Em 2007/2008, eram 212 casos e, em 2019, esse número chegou a 963 — representando um aumento de 354,25%. Em 2020, houve uma queda (333 novos casos), mas esse número pode estar relacionado ao atraso dos diagnósticos, segundo o Ministério da Saúde.

    A infectologista especialista em HIV, Melissa Medeiros, referência em genotipagem pelo Ministério da Saúde, explica que a diminuição no número de exames realizados nos últimos meses foi provocada pela sobrecarga no sistema de saúde, impactado pela pandemia do novo coronavírus.

    A especialista ressalta que a demora no diagnóstico, além de comprometer o tratamento, também diminui a expectativa de vida.

    Os exames para diagnosticar o vírus estão disponíveis gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS). Há tanto os laboratoriais quantos os testes rápidos, que detectam os anticorpos contra o HIV em até no máximo 30 minutos. Os testes podem ser feitos nas unidades da rede pública e nos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA).

    Além da rede pública, também está disponível no mercado farmacêutico um autoteste que detecta, de forma simples e rápida, os anticorpos contra HIV através de uma gotícula de sangue.

    O material é colhido diretamente no dispositivo, e o resultado aparece na forma de linhas, que indicam se há ou não presença de anticorpos para o vírus HIV em até 15 minutos. O teste foi aprovado recentemente pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e é utilizado em ações da OMS.

    De acordo com o Ministério da Saúde, em todos os casos, a infecção pelo HIV pode só pode ser detectada ao menos após 30 dias a contar da situação de risco. Isso porque o exame (laboratorial ou teste rápido) busca por anticorpos contra o HIV no material coletado. Esse período é chamado de janela imunológica.

    Cerca de 731 mil pessoas vivem com o HIV e fazem uso da terapia antirretroviral em unidades da rede pública de saúde em todo país, segundo o Ministério da Saúde.

    De acordo com a infectologista Melissa Medeiros, cerca de 10% dos pacientes atendidos pelo SUS abandonaram o tratamento durante a pandemia por medo de se contaminarem pelo coronavírus.

    “O desafio agora é resgatar esse paciente e trazê-lo de volta à unidade de saúde. É importante que eles estejam com o acompanhamento médico em dia para evitar complicações causadas pelo vírus. Seguindo à risca o tratamento, é possível ter qualidade de vida”, afirma a especialista.

    Medeiros ainda faz um alerta para a importância da vacinação contra a Covid-19 para proteção do paciente soropositivo. “A imunização contra a Covid-19 para o paciente soropositivo é segura. Não há por que ter medo. É necessário tomar a vacina para se proteger”.

    No Rio de Janeiro, voluntários do Grupo Pela Vidda vão oferecer testagem rápida para HIV a partir das 14h, na Praça da Cinelândia, no Centro.