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    Brasil ficará dividido entre plano nacional e os estaduais, diz epidemiologista

    Ex-coordenadora do programa de imunização, Carla Domingues afirma que não há definição sobre como as estratégias vão funcionar e era isso que se esperava

    Da CNN, em São Paulo



     

    No sábado (12), o governo federal enviou o Plano Nacional de Imunização para o Supremo Tribunal Federal. A ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações e epidemiologista, Carla Domingues, conversou com a CNN neste domingo (13) sobre alguns aspectos que foram divulgados ontem com o anúncio.

    Um destes pontos é o fato de os pesquisadores não terem ficado sabendo do envio deste documento, embora tenham sido consultados. Carla diz que ela participou da elaboração do documento, mas não viu o resultado final.

    “Quando você convida as pessoas para fazer um assessoramento ao Ministério da Saúde é de praxe e de bom tom que você remeta o documento para que as pessoas se sintam confortáveis a assinar ou não o documento. (…) o Ministério da Saúde trabalhou em eixos, então, ninguém viu o documento completo. [Isso é importante, porque] outro grupo pode ter discutido uma questão que você não concorda ou até pode querer que determinadas questões sejam acrescentadas. [Diante disso], você tem o direito dizer se quer participar do documento com a sua assinatura”.

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    Domingues destacou como ponto positivo o fato do plano trazer com clareza a ordem em que toda população será vacinada e, com isso, as secretarias estaduais e municipais já podem começar a se organizar e planejar como será feita a distribuição. “Nós temos que ter em mente que a população brasileira é de 200 milhões, a população até 18 anos, gestantes e lactantes não serão vacinadas porque elas não estão incluídas no grupo de estudo da fase 3”.

    No entanto, a epidemiologista diz que se trata de um plano de intenções, sem ter informações concretas de como esta ação vai acontecer na ponta, ou seja, nas salas de vacina. “Nós não temos clareza de onde será organizada essa campanha, qual é a data e quando os municípios vão começar a receber as vacinas”.

    Ela ressalta, também, as especificidades para se vacinar a população ribeirinha e a população indígena, por exemplo. “Muitos locais você leva de dois a três dias para chegar de barco. Tem lugar que só chega de helicóptero”, diz. “É uma logística que tem que ser pensada diferente. A gente tem um Brasil continental. Para cada lugar tem que ter uma especificidade e isso não ficou claro no plano”. 

    Para Clara, não há nada definido sobre como as estratégias vão funcionar no dia a dia e era isso que se esperava. 

    Domingues questiona o porquê do plano não ter incluído a parceria do Instituto Butantan com a Sinovac, que está desenvolvendo a vacina Coronavac. E diz, que, consequentemente, o Brasil ficará dividido entre o plano nacional e os planos estaduais e perderá o controle do PNI, que é um programa equitativo, que vacina desde uma população de 15 milhões, como São Paulo, até a população ribeirinha. 

    “Nós vamos ter o Brasil de primeira linha e o Brasil de segunda linha. Aquele que vai receber a vacina e aquele que não vai receber. Ao invés de construir, nós vamos criar uma cisão muito séria no país”, avalia.

     

     

     

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