‘Paciente morrerá de causas simples de tratar’, diz chefe de UTI sobre colapso
Jacques Sztajnbok, do hospital Emílio Ribas, relata dificuldades com superlotação dos leitos
A superlotação dos leitos para Covid-19 em todo o país pode fazer o sistema colapsar e causar também mortes por outras doenças que teriam fácil tratamento. O alerta é do chefe da UTI do hospital Emílio Ribas, em São Paulo, Jacques Sztajnbok, em entrevista à CNN.
“Vai chegar uma hora que todos os hospitais vão estar lotados e vamos fazer o que? E na hora que o sistema colapsar, colapsa como um todo. Doenças eventualmente tratáveis com pequenas e rápidas intervenções, se faltar o tratamento, o paciente morrerá de causas evitáveis e simples de tratar”, explica.
Ele conta que os profissionais estão esgotados. “Tenho médicos que estão em Burnout, tenho os que estão se aposentando, que solicitaram exoneração. Falo que a gente não é linha de frente, é a linha: não tem nada depois. Se não estivermos lá, não tem quem faça esse trabalho”.
Mesmo que os governos abram mais leitos, não há profissionais suficientes para encabeçar o tratamento.
“Temos enfermagem, fisioterapeutas, todos necessitam de um nível de especialização que não se forma da noite para o dia. É uma situação realmente dramática. Não há serviço de saúde que possa fazer frente a uma demanda como essa que está se construindo”.
Nas UTIs, o perfil mudou, com pacientes mais jovens e grande parte sem comorbidades, conta Sztajnbok. “Temos pacientes de 26 anos sem nenhum fator de risco. Além de não ter leito suficiente, os que chegam lá ficam internados um tempo maior, agravando o problema”.
(Publicado por Sinara Peixoto)