ONU tenta ajudar o Brasil a conseguir antecipar chegada de vacinas
Coordenadora da ONU afirmou à CNN que crise no Brasil é ‘humanitária’ e que tenta marcar reunião com secretário-geral das Nações Unidas para auxiliar país
O agravamento da pandemia de Covid-19 neste mês fez com que senadores, governadores e empresários fossem ao escritório da Organização das Nações Unidas (ONU) no Brasil, coordenado por Marlova Noleto, para pedir ajuda. Em entrevista à CNN, a primeira concedida por ela para tratar da crise, Noleto afirmou que o país precisa ser olhado como o “centro da pandemia no mundo” e confirmou que tenta marcar uma agenda com o secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Gutérres, para falar sobre a situação do país.
O principal esforço e pedido dos que procuraram a ONU é a busca por ajudar o Brasil a conseguir antecipar a chegada de vacinas contra o coronavírus. Uma das frentes é com o consórcio Covax Facility, acordo global por vacinas no âmbito da Organização Mundial da Saúde. “É possível trabalhar para antecipar, mas a vacina no momento é um bem escasso. Os países que se organizaram primeiro e compraram mais doses, receberam antes. Agora estamos fazendo o que dá para acelerar”, declarou.
Segundo a coordenadora da ONU no Brasil, ela tem sido procurada há duas semanas por senadores como Kátia Abreu (PP-TO), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, pelo presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) e por governadores como os do Maranhão e Piauí, Flávio Dino (PCdoB) e Wellington Dias (PT).
“Estamos em uma crise sem precedentes, de proporções humanitárias. São Torres Gêmeas caindo todos os dias há mais de 20 dias”, afirmou Noleto. “As Nações Unidas estão trabalhando em parceria com o governo federal, estados, municípios, empresários que estão atrás de vacinas. Mas só a imunização não vai funcionar, também precisamos manter as medidas restritivas”, opinou.
Pressão por mais vacinas
À CNN, o governador Wellington Dias, que coordena a temática das vacinas contra a Covid-19 no Fórum Nacional dos Governadores, afirmou que a ideia do encontro com o secretário-geral da ONU é reforçar o apelo por ajuda humanitária ao país – através de vacinas. “Não é doação, queremos comprar. O Brasil precisa da sensibilidade do resto do mundo, sempre fomos solidários com outros países. A vacina não pode chegar só no segundo semestre”, apelou.
Na última sexta-feira (26) o presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde, Carlos Lula, enviou uma carta para Organização Mundial da Saúde pedindo que o Brasil seja priorizado no envio das vacinas pelo consórcio Covax Facility. Até agora o Brasil já recebeu 1 milhão das 10,6 milhões de doses previstas até o final do ano. Em nota, o consórcio informou à CNN que “trabalha para que todos os participantes do grupo recebam suas doses o mais rápido possível”, mas não respondeu sobre a possiblidade de o Brasil ser priorizado.