Oncologista perdoou mais de US$ 650 mil em dívidas de seus ex-pacientes
O doutor Atiq decidiu perdoar as dívidas de seus pacientes a tempo para o feriado de Natal. Cada um recebeu um cartão com uma saudação pessoal de seu ex-médico
Um ato de gentileza de um médico do Arkansas, nos Estados Unidos, está ajudando seus ex-pacientes a enfrentar o novo ano com menos dívidas. O doutor Omar T. Atiq anulou mais de US$ 650 mil de contas médicas não pagas para aqueles que antes estavam sob seus cuidados.
“Se isso deu a eles um pouco de ajuda, estou grato por ter tido a oportunidade de fazer isso”, disse o oncologista à CNN.
Preocupação com a comunidade
“Sempre tive uma ponta de dúvida em minha mente sobre nossos concidadãos, seres humanos que se preocupam em pagar por serviços quando estão doentes”, disse o médico e pai de quatro filhos. “Mas é assim que nosso sistema infelizmente funciona. Felizmente, a maioria dos pacientes tem algum seguro de saúde – alguma forma de pagar por todos os serviços e remédios que são terrivelmente caros –, mas alguns não”.
O doutor Atiq decidiu perdoar as dívidas de seus pacientes a tempo para o feriado de Natal. Cada um recebeu um cartão com uma saudação pessoal de seu ex-médico. A nota agradecia a cada paciente por confiar no atendimento ao doutor Atiq e seguia com a generosa surpresa.
De acordo com o oncologista, as dívidas de seus pacientes variavam de centenas de dólares a dezenas de milhares. Como os efeitos em cadeia da pandemia do coronavírus aumentaram as pressões financeiras para muitas famílias, o doutor e sua família consideraram maneiras de ajudar.
“Somos abençoados por não precisarmos do dinheiro, então decidimos simplesmente cancelar e renunciar às dívidas – e assim fizemos”, disse à CNN.
Uma descoberta perturbadora
Quase 30 anos atrás, o doutor Atiq fundou a Clínica do Câncer de Arkansas na comunidade de Pine Bluff para tornar o tratamento oncológico abrangente disponível para os desfavorecidos economicamente. Antes de sua inauguração, os pacientes com câncer de Pine Bluff viajaram pelo menos 80 quilômetros para tratamento. O médico deixa claro que as necessidades de seus pacientes sempre foram sua principal preocupação, e não sua capacidade de pagar.
“Um princípio que sempre segui é: estou aqui para ver os pacientes. Ter uma pessoa confiando sua vida em minhas mãos é o maior privilégio e honra que posso obter”, afirmou. “Nunca recusamos nenhum paciente por qualquer motivo”.
Por anos, o doutor se concentrou exclusivamente nas situações médicas de seus pacientes. Preocupações financeiras como faturamento eram deixadas para sua equipe administrativa na clínica.
“Antes eu tinha funcionários cuidando disso. Nunca realmente olhei para o lado comercial disso”, explcou.
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Mas, no ano passado, quando o médico e sua esposa começaram o processo de fechamento da clínica após 29 anos de serviços, a análise mais detalhada das demonstrações financeiras revelou algo perturbador. Alguns pacientes estavam fazendo parcos pagamentos de US$ 5 e US$ 10 para saldos de dívidas pesadas.
“Eles queriam pagar, mas não podiam”.
Como médico, o doutor Atiq conhece muito bem a enorme dificuldade financeira frequentemente enfrentada pelos pacientes. Mas, como oncologista, ele admite que o tratamento do câncer muitas vezes envolve despesas excessivas. Embora deseje que todos os seus pacientes possam apenas se concentrar na cura, sabe que muitos simplesmente não estão em posição para isso, mesmo aqueles com seguro de saúde. Além disso, a maioria de seus pacientes teve que trabalhar durante o tratamento. Alguns de seus pacientes, incluindo avós idosas, já trabalhavam em dois empregos antes de adoecer.
“Alguns pacientes trabalhavam no dia em que recebiam a quimioterapia”, lembra o médico.
Uma lição de cuidado
Imigrante do Paquistão, o doutor Atiq decidiu se tornar um oncologista quando percebeu que sua comunidade carecia de cuidados completos de câncer.
“Quando eu estava na faculdade de medicina em Peshawar, Paquistão, não havia especialistas em câncer na região e muita necessidade”, diz. “Isso é o que me impeliu para a oncologia”.
Ao imigrar para os Estados Unidos, ele percebeu uma necessidade semelhante em sua comunidade em Pine Bluff.
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Com o mesmo espírito de generosidade com que o doutor Atiq abriu sua clínica, ele agora está fechando suas portas para iniciar um novo capítulo. Atiq é também professor em tempo integral de Cirurgia de Cabeça e Pescoço no Winthrop P. Rockefeller Cancer Institute, parte da University of Arkansas for Medical Sciences. Seus pacientes fizeram a transição com segurança para um hospital para continuar o tratamento do câncer.
Muçulmano praticante, ele sente que seu ato de bondade foi um pequeno gesto em comparação com o que seus pacientes lhe deram ao longo dos anos. “A coragem, a resiliência e a decência que aprendi com meus pacientes são inestimáveis”, diz ele, ansioso para desviar a atenção de sua boa vontade e voltar para seus pacientes.
“O problema é a saúde deles”, disse. “Estou esperando e orando para que eles sejam curados do câncer. Ou, que a doença esteja controlada para que eles vivam vidas produtivas e felizes com suas famílias, seus amigos e seus entes queridos”.
(Texto traduzido, leia o original em inglês).