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    Ômicron é responsável por expansão inédita da Covid-19, avalia especialista

    Evaldo Stanislau, coordenador de projeto que monitora a transmissão da Covid-19, afirmou que o percentual de testes positivos é "muito impressionante"

    Duda CambraiaLuana Franzãoda CNN São Paulo

    De acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), o Brasil atingiu a maior média móvel de casos de Covid-19 desde o início da pandemia nesta terça-feira (18), com a média 83.205 infecções considerando os últimos sete dias.

    O infectologista do Hospital das Clínicas da USP e diretor da Sociedade Paulista de Infectologia (SPI), Evaldo Stanislau, afirmou em entrevista à CNN que “a Ômicron é responsável por uma expansão inédita do vírus” no Brasil e no mundo.

    Ele coordena o Projeto Sentinela, parceria entre a Universidade São Judas e a prefeitura de Cubatão, que monitora os casos de Covid-19 semanalmente na cidade, realizando testes de antígeno na população. Os testes positivos cresceram, mostrando um aumento significativo da transmissão da doença.

    “Nós tínhamos ao longo de 2021 uma presença muito, mas muito, pequena do vírus, menos que 1% de positividade a cada semana. Na primeira semana de janeiro que testamos, isso foi para 34,2%, um número muito impressionante”, afirmou Stanislau.

    O projeto usa dados como o número de casos novos, de mortes, de internações e o percentual de testes positivos para avaliar o estado da transmissão comunitária do coronavírus.

    “A Ômicron desconhece vacinação, ela se transmite com muita facilidade entre vacinados e não vacinados”, destacou o especialista, lembrando que todas as medidas que possam desacelerar a transmissão do vírus são importantes no momento, para que a quantidade de infectados não atinja o funcionamento da vida cotidiana e sobrecarregue os hospitais.

    A variante, no entanto, tem se mostrado menos fatal em pessoas vacinadas, o que reitera a importância da campanha de vacinação em curso no país. A imunização permanece como a estratégia de combate à pandemia mais essencial. “A ação estratégica que precisamos tomar no momento é avançar na vacinação com a terceira dose e nas crianças”, disse o infectologista.

    Porto Alegre | Rio Grande do Sul
    Testagem da Covid-19 em Porto Alegre, RS / Cristine Rochol/PMPA

    Autotestes ajudariam no combate à Ômicron

    Evaldo Stanislau afirmou que a liberação dos autotestes seriam de grande ajuda no combate à Covid-19, principalmente neste momento da pandemia, onde a escassez de testes em farmácias e laboratórios prejudica o monitoramento das infecções.

    Quero enfatizar que as pessoas estão sem sintomas e estão nas ruas vivendo e transmitindo o vírus. Isso é uma das causas que explica o aumento. Houvesse o autoteste, as pessoas poderiam se testar antes de sair de casa, e ao se identificar como positivas, elas não só não sairíam e portanto não levariam o vírus para fora da sua casa, como poderiam avisar as pessoas do seu convívio.

    Evaldo Stanislau, médico infectologista

    Vacinação em crianças

    Evaldo Stanislau destacou que o Projeto Sentinela monitorou um número alarmante de casos de Covid-19 entre as crianças, que está aumentando desde o final de 2021.

    “A transmissão hoje no Brasil é sobretudo em crianças”, explicou, lembrando que o grupo ainda não foi vacinado e muitas vezes tem dificuldade em usar a máscara corretamente.

    A vacinação infantil utilizando o imunizante adaptado da Pfizer em crianças de 5 a 11 anos está em curso na maior parte do país. No entanto, em cidades como o Rio de Janeiro, a falta de vacinas pode atrapalhar o processo.

    A Coronavac busca a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para utilizar sua vacina em crianças.