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    Obstrução intestinal: saiba quais são as causas e os riscos

    Interrupção do funcionamento normal do intestino é causada por um bloqueio que impede a passagem de fezes e gases pelo órgão

    Representação artística mostra o intestino humano
    Representação artística mostra o intestino humano Foto: Getty Images (Sebastian Kaulitzki/Science Photo Library)

    Lucas Rocha, da CNN, em São Paulo

    A obstrução intestinal é caracterizada como a interrupção do funcionamento normal do intestino devido a um bloqueio que impede a passagem de fezes e gases pelo órgão. As causas são diversas, incluindo tumores, inflamação, verminoses e efeitos de cirurgias. Entre os sintomas estão inchaço e dor abdominal, náuseas e vômitos, dificuldade e dor para evacuar.

    O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) chegou em São Paulo, por volta das 18h55 desta quarta-feira (14), após ser transferido de Brasília em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB). Bolsonaro será encaminhado ao hospital Vila Nova Star, onde passará por avaliação médica devido a um quadro de obstrução intestinal. Nesta madrugada o presidente sentiu fortes dores abdominais e precisou ser internado no Hospital das Forças Armadas (HFA), em Brasília.

    O governo federal informou que foi identificada uma obstrução intestinal decorrente do atentado a faca ocorrido em 2018, durante a campanha para a Presidência da República, e que os médicos vão avaliar a necessidade de uma cirurgia de emergência.

    Entenda as diferentes causas, os riscos e o tratamento da obstrução intestinal:

    Causas são diversas

    Segundo o gastroenterologista André Augusto Pinto, cirurgião geral e bariátrico da Clínica Gastro ABC, a obstrução intestinal pode ser causada por uma série de fatores. Um deles é o desenvolvimento de câncer no órgão e na região abdominal. O crescimento de um tumor pode comprimir a parede intestinal e levar ao bloqueio.

    O especialista explica que pacientes com histórico de cirurgias no intestino também têm mais chances de apresentar obstrução. Procedimentos cirúrgicos podem levar à formação de aderências, que são acúmulos no tecido entre as alças do intestino.

    “Quando você faz uma cirurgia, tira um pedaço do intestino, junta um pedaço com o outro, é um procedimento agressivo. Uma alça do intestino pode se juntar à outra, o que pode fazer com que o órgão não consiga contrair normalmente, levando à obstrução”, explica.

    Outras condições que podem levar à obstrução intestinal são as doenças inflamatórias, como a diverticulite e a doença de Crohn, doenças parasitárias como as verminoses, além de hérnias e paralisias dos movimentos intestinais.

    Principais sintomas

    Um dos primeiros sinais da obstrução intestinal é a parada na eliminação de fezes e gases. A prisão de ventre pode vir acompanhada de dor abdominal, inchaço, náuseas, vômito e diminuição do apetite.

    Como é feito o diagnóstico

    O diagnóstico pode ser feito a partir da avaliação dos sintomas pelo médico, além do exame físico do paciente. Para identificar a obstrução, é realizado o exame de colonoscopia, que consiste na captura de imagens do intestino grosso e da parte final do intestino delgado.

    De forma complementar, pode ser feito ainda o exame de endoscopia, que mostra as condições da parte superior do sistema digestivo, como o esôfago, estômago e a primeira parte do intestino delgado.

    De forma menos invasiva, exames de imagem como tomografia do abdômen e ressonância magnética podem revelar o local da obstrução pela distensão das alças do intestino.

    Tratamento depende das causas

    O tratamento varia e considera aspectos como a localização da obstrução, a gravidade dos sintomas e as causas. De acordo com o gastroenterologista, o tratamento clínico pode ser uma alternativa para casos mais leves e de obstrução parcial.

    Os cuidados devem ser realizados com acompanhamento médico e incluem jejum, hidratação e medicamentos para melhorar a distensão do intestino. Nos casos mais graves, os pacientes são submetidos à cirurgia para a desobstrução do intestino.

    Nos casos de câncer, pode ser necessária a realização de cirurgia para a retirada do tumor, além de quimioterapia ou radioterapia. Se o problema estiver relacionado a doenças inflamatórias como a diverticulite, a terapia pode ser feita com intervenção cirúrgica seguida de tratamento com antibióticos e analgésicos.

    Quando a doença tem origem parasitária, como as verminoses, os cuidados incluem a medicação com anti-parasitários, de acordo com o agente causador da doença.

    Riscos e complicações

    Os pacientes com obstrução intestinal podem apresentar desidratação, fraqueza e perda de peso devido ao déficit na absorção de nutrientes pelo organismo. Nos casos graves, o bloqueio pode causar lesões no intestino, infecção generalizada e necrose dos tecidos. Segundo André, os riscos de morte são baixos e a obstrução, em geral, tem boa evolução clínica.

    O especialista diz que uma das principais dificuldades relacionadas à obstrução causada pelo acúmulo de tecido nas alças do intestino (aderência) é que as cirurgias que buscam corrigir o problema podem levar à formação de novos quadros no futuro, fazendo com que mais cirurgias sejam necessárias.

    “Quanto mais você opera um paciente com aderências, maiores são as chances de surgimento de novas aderências, por conta de cirurgias que são realizadas de forma aberta e por cortes. Esses pacientes sempre têm mais chances de precisar de uma nova abordagem cirúrgica em curto ou longo espaço de tempo”, explica.

    Prevenção inclui adoção de hábitos saudáveis

    De acordo com o médico, a adoção de hábitos saudáveis de alimentação e atividades físicas pode reduzir as chances de desenvolvimento de obstrução intestinal. “O ideal é evitar a obesidade, causa fundamental dos problemas do aparelho digestivo, como tumores. O tabagismo e etilismo [uso excessivo de álcool] também estão relacionados ao câncer de estômago”, diz.

    O especialista recomenda atenção a qualquer tipo de alteração do comportamento do intestino, além de uma dieta balanceada que inclua verduras, legumes e fibras, a ingestão de 2 a 3 litros de água por dia, além de evitar alimentos enlatados, embutidos, industrializados e condimentos de forma geral.

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