O que mais preocupa são autoridades que não aprendem lições, diz infectologista
"O indivíduo segue aquilo que está sendo promovido pelas autoridades e instâncias superiores", diz Flores, do Médico Sem Fronteiras, sobre combate à pandemia
Durante a pandemia, cada indivíduo tem um papel crucial no controle da transmissão da Covid-19, mas, para que esse movimento seja efetivo, uma mensagem clara e coordenada das autoridades é essencial, diz Antônio Flores, infectologista brasileiro do Médicos Sem Fronteiras (MSF), em entrevista à CNN neste domingo.
“O mais preocupante é a autoridade que não aprende as lições. O indivíduo segue aquilo que está sendo promovido pelas autoridades e instâncias superiores. Quando temos mensagens conflitantes e negação de estratégias que são sabidamente eficazes, o indivíduo se cansa de seguir medidas nas quais já não confia.”
Flores citou como bom exemplo de estratégia de combate ao novo coronavírus um país que passou por uma situação semelhante à vivida no Brasil: a África do Sul.
“A África do Sul teve a sua própria variante, com escape à vacina inclusive, mas adotou medidas muito claras de controle do vírus, baseadas no número de casos. Eles tinham diversos níveis de alerta para a população”.
Segundo ele, a África do Sul teve duas ondas muito distintas de pandemia e o caminho que o país escolheu para combatê-las foi o mesmo adotado em países mais ricos, como a Nova Zelândia, por exemplo. O infectologista explica que eles tiveram um olhar para estancar a transmissão, identificando os doentes e isolando estas pessoas imediatamente. “Essa é uma estratégia básica.”
“Países que testaram em massa e isolaram infectados controlaram muito melhor sua epidemia”, ressalta.