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    O desafio do país não é a logística, mas a falta de vacina, dizem médicos

    Especialistas apontam falhas na compra de vacinas, mas acreditam que, até o fim de junho, parte do grupo de risco terá recebido pelo menos uma dose

    Produzido por Layane Serrano e Renata Souza, da CNN São Paulo

    Em diversas partes do país, março registrou um número de mortes maior do que todo o resto da pandemia de Covid-19. E abril não deve ser diferente. Um dos problemas apontados por especialistas é a lentidão na vacinação, causada principalmente por causa da falta de imunizantes.

    O sanitarista, professor da Faculdade de Saúde Pública da USP e ex-presidente da Anvisa, Gonzalo Vecina Neto, aponta que essa questão deve continuar. “Temos pequenos problemas e temos o grande problema. E este é a falta de vacina”, diz.

    Na última quarta-feira (31), o presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) apontou uma certa burocracia por parte do estado para divulgar o número de pessoas vacinadas. Ele disse que das 3 milhões de vacinas que foram distribuídas só 1,5 milhão estão sendo aplicadas. 

    Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) discorda do congressita e diz que todas as vacinas que chegam estão sendo distribuídas rapidamente. Segundo ele, 75% das vacinas que chegaram dos laboratórios Butantan e Bio Manguinhos já foram aplicadas. O que gera lentidão, no entanto, é a falta de comprometimento do Governo Federal com o calendário de vacinas.

    “Não houve nenhum mês em que o cronograma proposto foi cumprido, sempre houve reduções do número de doses disponibilizadas e, com isso, uma lentidão e atraso”, afirma.

    Para Renato Kfouri, até o fim de junho de 2021, todo o grupo de risco terá recebido pelo menos uma dose. E até o final do ano ou início do ano que vem, toda a população brasileira terá sido vacinada.

    “Não acredito que tenhamos gargalos na distribuição e na aplicação destas vacinas. Nós vamos bem no programa de vacinação. Neste mês chegamos a bater 1 milhão de doses aplicadas em um dia, mostrando que o que nos falta é vacina. O problema não é a capacidade de distribuição, não é a capacidade de logística e a de aplicação”, diz Kfouri.

    Vecina Neto também critica o Ministério da Saúde pela compra tardia das doses de vacina contra Covid-19 e ressalta o porquê da Anvisa ter negado a aquisição da Covaxin.

    “O Ministério da Saúde errou não comprando vacinas em maio [de 2020], e está tentando comprar vacinas em março [de 2021]. Aí em março, ele conseguiu comprar de quem não tinha conseguido vender. Por que será que a Bharath Biotech da Índia não conseguiu vender? A inspeção que a Anvisa fez na indústria indiana explicou o porquê: tem problemas de esterilização de materiais e de demonstração da potência das vacinas. Por isso ela não recebeu o registro da Anvisa”.

    Vecina Neto ainda diz que não vai tomar essa vacina e não recomenda ninguém tomar.

    Falta de médicos

    Vecina e Kfouri também enxerga uma defasagem de profissionais da saúde para atuarem na linha de frente. Uma das soluções apontadas e que têm sido discutida é a flexibilização do Revalida, um diploma exigido para que médicos formados no exterior possam atuar no Brasil. Para o presidente da (SBIm) “abrir mão do Revalida em um cenário de pandemia e de guerra pode ser uma saída”. 

    Vecina Neto acredita que será difícil trazer médicos intensivistas para atuar na ponta, na complexidade das Unidades de Terapia Intensiva, e defende a formação e consultoria por parte de grandes hospitais.

    “É possível criar equipes que tenham um líder que consiga transmitir para sua equipe as informações que precisam ter ao longo do dia. Também é muito importante o tipo de assessoria que o Hospital das Clínicas, o Sírio-Libanes e o Albert Einstein estão se propondo a prestar para equipes de intensivistas da periferia”, diz Vecina.

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