‘Nenhum estudo comprova real eficácia da cloroquina contra Covid-19’, diz médico
Einsfeld avaliou que a discordância da classe médica sobre a substância ocorre porque muitos defendem o medicamento por conta da experiência individual com ele
O médico Raphael Einsfeld, coordenador do curso de medicina do Centro Universitário São Camilo, afirmou à CNN, nesta terça-feira (19), que atualmente não há estudos que comprovem a eficácia da cloroquina para nenhum nível de tratamento contra a Covid-19.
“Hoje não existe nenhum estudo que comprove a real eficácia da cloroquina em pacientes leves ou graves. Então, não há indicação de uso para pacientes na data de hoje e com os estudos que nós temos”, frisou ele, que ainda defendeu que precisa ser seguida “a medicina baseada em evidência”. “Não dá para fugir disso”, afirmou.
Einsfeld avaliou que a discordância da classe médica sobre a substância ocorre porque muitos defendem o medicamento por conta da experiência individual com ele, mas que isso não se sustenta ao lado de estudos. “Em nível de evidência, a experiência do médico é a base da pirâmide. Ele viu, notou melhora, acredita que seja legal, mas isso é menos relevante quando estamos tratando de grandes estudos e bem elaborados do ponto de vista metodológico”, esclareceu ele.
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Ao comentar a declaração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que disse estar utilizando diariamente a hidroxicloroquina de forma preventiva ao novo coronavírus – mesmo sem qualquer evidência científica que sustente esse uso -, o médico afirmou lamentar pelo impacto negativo que isso pode causar. “Quando um grande líder sinaliza isso, quer seja por meio do Ministério da Saúde ou de uma fala própria, está dito implicitamente que a cloroquina cura e que podemos voltar às atividades normais dado que tenho uma droga que ajudaria a curar. Isso pode causar relaxamento do isolamento”, avisou.
Perguntado se acredita que a mudança de protocolo sobre a cloroquina pode aumentar a pressão para que os médicos prescrevam a substância, Einsfeld avaliou que não, mas que isso geraria outra situação. “Há um certo relaxamento no sentido de que o respaldo do Ministério da Saúde permite prescrever o remédio sem correr o risco de, em havendo efeito colateral, ser punido”, considerou. “Então, não acredito na pressão direta, mas indiretamente posso aumentar o uso e a utilização em massa aumenta os efeitos colaterais das drogas”, completou.