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    ‘Não vai ser possível acelerar a vacinação em abril’, diz ex-coordenadora do PNI

    Epidemiologista Carla Domingues diz que pela primeira vez o SUS terá que aliar duas grandes campanhas ao mesmo tempo: a de gripe e a de Covid-19

    Produzido por Layane Serrano, da CNN, em São Paulo

     

    O Brasil aplicou até este sábado (3) 24 milhões de doses de vacina contra a Covid-19, a maioria apenas primeiras doses, resultando em um baixo percentual de pessoas completamente imunizadas — 5,2 milhões, ou apenas 2,49% da população brasileira.

    Para Carla Domingues, ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunização, será difícil o Brasil conseguir acelerar esta distribuição em abril porque há escassez de doses.

    “O Butantan e Bio Manguinhos estão dizendo que vão entregar na faixa de 20 a 25 milhões de doses. Então, nos dias úteis, nós estamos falando de 1 milhão de pessoas”, disse Domingues.

    No entanto, ela ressalta que esta quantidade não permite que aumente a capacidade de aplicações por dia e corre-se o risco de cidades mais populosas enfrentarem interrupções por falta dos imunizantes.

    “O que a gente não vai conseguir, infelizmente, é acelerar. E. possivelmente. mesmo tendo 1 milhão por dia, ainda corremos o risco de alguns municípios ficarem sem vacina. A gente precisaria ter pelo menos de 30 a 40 milhões de doses mensalmente”.

    Campanha de gripe

    A campanha contra a Influenza começa no Brasil no dia 12 de abril e seguirá até julho concomitantemente à de Covid-19. “Esse vai ser o maior desafio imposto ao Sistema Único de Saúde (SUS). Nós nunca fizemos duas campanhas nesta magnitude de praticamente vacinar o mesmo grupo alvo com esta quantidade de pessoas”, diz.

    Ela ressalta que as vacinas não podem ser intercambiáveis: quem toma a primeira dose de Coronavac tem que terminar com a da Coronavac, o mesmo deve ser seguido em relação à AstraZeneca. Além disso, a vacina da gripe não pode ser aplicada ao mesmo tempo que a de Covid. “Precisa de esperar pelo menos 14 dias”, ressalta.

    “Isso vai exigir uma logística muito grande dos municípios. Como vamos organizar esta campanha e garantir que 1 milhão de pessoas sejam vacinadas por dia para Covid-19, mas também 1 milhão para a gripe?”, diz Carla Domingues.

    Forças Armadas

    Em uma coletiva de imprensa neste sábado (3) o Ministro da Saúde Marcelo Queiroga comentou sobre a promessa do Governo Federal de utilizar as Forças Armadas para auxiliar na campanha de vacinação. Carla diz que que a FA, assim como a Aeronáutica já são grandes aliadas no PNI, mas que o problema agora não é a logística, mas sim a falta de vacinas.

    “Essa força só vai poder ser utilizada em sua plenitude se nós tivermos vacinas, porque o nosso grande problema hoje não está na estrutura, e sim na escassez de vacinas”, diz.