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    ‘Não existe publicação em revista científica’, diz médica sobre proxalutamida

    À CNN, infectologista Rosana Richtmann disse que remédio é para câncer e que não há comprovação para Covid; Bolsonaro mencionou interesse de uso na pandemia

    Produzido por Layane Serrano, da CNN São Paulo

    Em coletiva de imprensa ao deixar o Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, na manhã deste domingo (18), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse que vai se reunir com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para conversar sobre o uso da proxalutamida no tratamento da Covid-19.

    O medicamento é indicado para pacientes com alguns tipos de câncer e, segundo informou a infectologista do Hospital Emílio Ribas, Rosana Richtmann, à CNN, não há qualquer comprovação de uso em pacientes com coronavírus. “Não existe uma publicação em revista científica com o objetivo do uso desta droga, que é usada para o câncer, para Covid-19″, afirmou.

    Richtmann explicou que há somente notícias divulgadas pela imprensa do Paraguai de um experimento realizado no país com a droga. “O que existe são relatos, números pequenos, mas relato na imprensa no sentido de que o Paraguai fez um estudo com um número relativamente restrito de pacientes em formas mais avançadas da Covid.”

    A infectologista ressaltou que já estão em estudos clínicos avançados outros medicamentos com melhores resultados para Covid-19. “Nós temos várias outras drogas, também nesta linha terapêutica, que estão andando com fase 3 de estudo e mostrando um resultado muito mais palpável do ponto de vista da gente confiar na informação.”

    Richtmann considera que a fala do presidente impacta negativamente a população brasileira que, ao ouvi-lo em rede nacional, pode querer ir ao médico para pedir a receita do remédio. “Pedir para o médico prescrever drogas que a gente não tem nenhuma segurança na prescrição com este objetivo.”

    “Eu não consigo entender porque alguém que não é médico, não é da ciência, acaba sugerindo para a população que está ouvindo, e que está ansiosa com tudo o que está acontecendo, sobres novos medicamentos que a gente, de novo, não tem comprovação científica. Eu acho que nós temos que ter muita cautela, mas muita cautela, antes de pronunciar qualquer possibilidade de drogas que ainda não tenha qual é o papel real de certas drogas”, defende.

    Uso de máscara e lockdown

    Bolsonaro, ao longo da coletiva, também criticou o uso obrigatório de máscara e o lockdown adotado em alguns estados e municípios. O presidente disse que têm lido artigos da CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos) para se informar sobre a pandemia. Sobre isso, a infectologista disse que o CDC “é uma excelente fonte de informações” e que “o próprio CDC é absolutamente favorável ao uso de máscara sem nenhum questionamento em relação a isso.”

    Richtmann também chamou a atenção para o lockdown como medida efetiva para combater a transmissão de Covid-19. “Em relação ao lockdown, nós também temos vários exemplos neste mais de um ano e meio de pandemia de que em situações determinadas, para você poder diminuir a circulação do vírus num determinado local, o lockdown obviamente funciona.”