Mundo segue despreparado para próxima pandemia, indica análise da Johns Hopkins
Relatório constatou que 155 dos 195 países pesquisados não investiram no preparo para uma nova epidemia nos últimos três anos
O mundo inteiro permanece despreparado para a próxima pandemia e a maioria dos países não está apto até mesmo para pequenos surtos de doenças, relataram os pesquisadores Universidade Johns Hopkins (JHU) nesta quarta-feira (8).
Nenhum país atingiu boa pontuação no índice de Segurança de Saúde Global (GHS, na sigla em inglês) – uma medida de preparação para emergências de saúde estabelecida pelo Centro de Segurança da Saúde da instituição e pela organização não governamental (ONG) Iniciativa de Ameaça Nuclear.
“O Índice GHS de 2021 continua a mostrar que todos os países ainda carecem de alguns preparos críticos, o que prejudica a capacidade de responder efetivamente à Covid-19 e reduz o preparo para futuras ameaças epidemias e pandemias. A pontuação média em 2021 foi de 38,9 em 100, praticamente inalterada desde 2019”, afirma o relatório.
A pontuação mais alta foi dos Estados Unidos, com pouco mais de 75 pontos. O Brasil ficou em 43º entre os 195 pesquisados, com 51 pontos, leve melhora em relação ao relatório anterior.
A pior área observada foi a prevenção ao surgimento de novos patógenos, como o vírus que causou a atual pandemia. “A média global para esta categoria é 28,4”, informa o relatório. O documento aponta que 113 países “dão pouca ou nenhuma atenção” às doenças transmitidas de animais para humanos.
“Os líderes agora têm uma escolha”, disse a Dra. Jennifer Nuzzo, pesquisadora do Centro. “Podem fazer investimentos dedicados e sustentáveis nas novas estruturas criadas durante esta pandemia para preparar seus países para o longo prazo, ou podem cair no ciclo de décadas de pânico e negligência que deixará o mundo correndo grave risco de futuras ameaças à saúde pública”.
O relatório constatou que 155 dos 195 países pesquisados não investiram na preparação para uma pandemia ou epidemia nos últimos três anos e 70% não investiram em clínicas, hospitais e centros de saúde comunitários.
“Os riscos políticos e de segurança aumentaram em quase todos os países, e os países com menos recursos têm os maiores riscos e maiores lacunas de preparo”, disse o grupo de pesquisadores. As populações de 161 países têm níveis baixos a moderados de confiança pública em seus governos.
Os EUA são o maior exemplo disso, concluiu o relatório. “Com mais casos e mortes do que qualquer outro país, a fraca resposta dos Estados Unidos à pandemia de Covid-19 chocou o mundo”, diz o relatório. “Como um país com tanta capacidade no início da pandemia conseguiu uma resposta tão errada?”.
Entre os motivos, destaca-se justamente a baixa confiança no governo, fator identificado como fundamental entre os países com os maiores índices de infecções e óbitos pela Covid-19.
“A falta de confiança pode prejudicar a adesão do público às medidas de controle, como uso de máscaras ou cumprimento das recomendações de permanência em casa ou protocolos de vacinação “, acrescentou o o documento.
Outros pontos fracos dos EUA incluem o acesso limitado à assistência médica gratuita e o menor número de profissionais de saúde e leitos hospitalares per capita do que muitos outros países de alta renda.
As descobertas mostram que mesmo países ricos e aparentemente preparados ainda podem fracassar em conter uma pandemia. “O público deve confiar nos conselhos das autoridades de saúde e não enfrentar obstáculos, como perda de renda, se as recomendações de proteção forem seguidas”, diz o relatório.
“O sistema de saúde deve ser combinada com políticas e programas públicos que permitam que todas as pessoas cumpram as recomendações de saúde pública. A ssistência de renda, alimentar e habitacional são exemplos de políticas que ajudaram as populações contra a pandemia “, conclui.
(Texto traduzido. Clique aqui para ler o original em inglês)