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    Ministro da Saúde precisa ser médico? Secretário defende general como interino

    Eduardo Macário, titular em exercício da Secretaria de Vigilância em Saúde, argumenta que general se pautará pela atuação dos técnicos do ministério

    Guilherme Venaglia, da CNN, em São Paulo

    Designado para ser o ministro interino da Saúde, o general Eduardo Pazuello tem sido alvo de contestações por não ser médico de formação, ao contrário dos antecessores imediatos, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich. Em entrevista coletiva nesta segunda-feira (18), o secretário-executivo adjunto do Ministério da Saúde, Élcio Franco, respondeu às contestações e afirmou que “o segredo da gestão é saber usar a equipe”.

    Perguntado sobre como Pazuello definiria as estratégias para o enfrentamento da pandemia da Covid-19 sem ser médico, Franco argumentou que o ministro interino se pautará pelo “corpo técnico de excelência”. do ministério.

    “São profissionais com currículo reconhecido na comunidade científica. Já estão sendo elaboradas as orientações a algum tempo”, disse, acrescentando que o general não está “deferindo ou determinando alguma ação que foge da sua área de conhecimento, mas fazendo uso dos técnicos e de experiências que acontecem no Brasil e no mundo”.

    Pazuello está interino no cargo de ministro da Saúde desde sexta-feira (15), quando Nelson Teich pediu demissão após divergências com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a respeito do protocolo ideal para o uso da hidroxicloroquina em pacientes com a pandemia da Covid-19, que já matou mais de 16 mil brasileiros.

    Levantamento da CNN mostra que, no atual século, o Brasil teve quatro ministros efetivos que não eram profissionais da saúde, contra sete que eram. Entre os “estrangeiros” está o mais longêvo dos ministros: o economista José Serra, que ocupou o cargo entre 1998 e 2002, tendo sido posteriormente prefeito e governador de São Paulo, hoje senador pelo PSDB.

    Com a posse de Luiz Henrique Mandetta em janeiro de 2019, o Ministério da Saúde voltou a ser dirigido por um médico pela primeira vez desde 2016. Durante o governo do ex-presidente Michel Temer (MDB), ocuparam o cargo o engenheiro civil Ricardo Barros e o advogado Gilberto Occhi. Há um que é da área da saúde, mas não médico: o bioquímico e sanitarista Agenor Álvares, ministro entre 2006 e 2007, no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

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    Currículo

    A controvérsia tomou forma no sábado (16), quando o Ministério da Saúde divulgou nas redes sociais o currículo do seu atual chefe. Formado pela Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), escola militar por onde também passou Bolsonaro, o general teve suas experiências listadas. Nenhuma, no entanto, na área da saúde.

    Ele está na pasta há um mês, quando chegou junto com Nelson Teich para ser o secretário-executivo. Na época, o ex-ministro disse que a escolha do general se devida pelo seu conhecimento de logística, que ajudaria a aprimorar a compra e distribuição de equipamentos e insumos.

    No currículo divulgado, o ponto alto fica pela passagem de Eduardo Pazuello como coordenador logístico das tropas do Exército que atuaram nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016, no Rio de Janeiro. No Facebook, a publicação não repercutiu bem. Dos 32 mil comentários, volume significativo questionava as credenciais do militar para o posto que lhe cabe neste momento. 

    Não há prazo para a interinidade do militar, nem se ele virá a ser efetivado no cargo. Durante a sua passagem pelo cargo, ele deve, contudo, ter de ouvir os técnicos para tomar decisões difícieis aos ouvidos dos leitos. A principal: Um novo protocolo para o uso da hidroxicloroquina em pacientes com a Covid-19. Trata-se de um pedido claro do presidente Jair Bolsonaro, que defende a utilização do medicamento em quem apresenta casos leves da doença do novo coronavírus.

    Cotados

    Seja como for, fato é que o general Eduardo Pazuello tem na “disputa” pelo cargo de ministro da Saúde outros nomes com formação na saúde. Um é Osmar Terra, que assim como Luiz Henrique Mandetta, é médico mas trilhou carreira política, sendo deputado federal eleito pelo MDB do Rio Grande do Sul.

    Os outros dois nomes são os dos também médicos Nise Yamaguchi e Luiz Fróes. Nise é uma conhecida defensora de um protocolo federal de uso da hidroxicloroquina contra a Covid-19, enquanto Fróes, assim como Pazuello, é militar. Ele é contra-almirante e atual diretor de saúde da Marinha.

    Mais próximo da ala ideológica do governo, Ítalo Marsili corre por fora. Ele atenderia ao discurso do governo a favor da cloroquina e contra o isolamento social. Marsili tem residência médica em psiquiatria. Ele se formou no Instituto de Psiquatria (Ipub) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), no primeiro semestre de 2015.

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