Ministério não atende nem 50% das demandas por cloroquina, diz Pazuello
No Congresso, ministro interino prometeu também dobrar a quantidade de testes feitas por dia no país
O ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou nesta quinta-feira (13) que o ministério não atendeu “nem 50% das demandas” de estados e municípios por cloroquina e hidroxicloroquina, em resposta a críticas de recomendação da pasta para uso do medicamento no tratamento de Covid-19, uma vez que não há comprovação científica da eficácia do remédio contra a doença. Ele prometeu também dobrar a quantidade de testes feitas por dia no país.
Leia mais:
Presidente do Conselho de Saúde pede suspensão da cloroquina: ‘Vidas em risco’
Cloroquina doada pelos EUA pode se tornar gasto extra para estados
“Atendemos demanda. Não distribuímos sem demanda. Não conseguimos atender nem 50% do que nos demandam. Foram distribuídas 5,284 milhões de doses para todo o país. Todas elas demandas por secretarias de saúde de estados e municípios”, disse em audiência na Comissão Mista do Congresso que acompanha as ações do governo federal para enfrentamento da pandemia.
Pazuello apresentou dados de distribuição de outros medicamentos, como Tamiflu, 14,5 milhões de doses, e kits de intubação, 3,4 milhões. Segundo ele, a compra de remédios para distribuição “foi uma novidade” para o ministério, cujas “funções normativas são de distribuição de recursos”. “Claro que, na hora em que recebemos um pedido de ajuda, nós nos debruçamos para ajudar. Pegamos apoio de outros ministérios para nos ajudar nesse tipo de trabalho na pandemia.”
O ministro disse ainda que a falta de sedativos para intubação foi causada por uma instabilidade natural do mercado em consequência da alta demanda. “Uma coisa puxa a outra. Aí começa a faltar em alguns lugares e sobrar em outros. Por isso, tomamos algumas medidas. Fizemos duas requisições administrativas diretamente às empresas de estoques ainda não vendidos. A partir daí, fizemos a logística de distribuição.”
Promessa de mais testes
Sobre as cobranças de ampliação da capacidade de testes para Covid-19, ele disse que o “diagnóstico é do médico” e que só depois “esse diagnóstico vai ser complementado, embasado, com exames clínicos laboratoriais, de imagem e testes”.
“Os testes só são usados com acompanhamento médico. Sem isso, o teste é feito no momento errado e pouco serve para o tratamento da doença. Paralelo a essa nova orientação de diagnóstico, desenvolvemos uma nova estratégia de testagem, baseada em testes RT-PCR e sorológicos. A rede pública e privada de saúde já realizou 9,3 milhões de testes”, declarou.
Pazuello afirmou que o objetivo do governo é fazer 24,5 milhões de testes RT-PCR no total, somando ao que já foi feito, e 22 milhões de testes sorológicos. Os programas de testagem são o Confirma Covid-19 e Testa Brasil, respectivamente. A meta, continuou o ministro, e sair de 47 mil testes/dia atualmente para 115 mil em 30 a 60 dias.
Vacinas
O ministro disse que o governo brasileiro acompanha o desenvolvimento de todas as vacinas no mundo e que vai comprar a que mostrar resultados comprovados primeiro. Para ele, a vacina russa, que já estaria pronta para uso segundo o governo de Vladmir Putin, apresenta dados e resultados “muito incipientes ainda”.
Pazuello contou que participou nesta quarta-feira (12) de uma videoconferência com representantes da Rússia e o governador do Paraná, Ratinho Jr, que mostrou que “não temos profundidade nas respostas, não temos acompanhamento dos números”.
“Podemos ter tudo isso [sobre a vacina russa], mas ainda temos muito trabalho para começar a discutir a compra. A vacina da AstraZeneca [em parceria com a Universidade de] Oxford é ainda nossa melhor opção até agora. É a mais promissora, mas estamos atentos às demais”, declarou.
Por fim, o ministro defendeu a execução orçamentária da pasta. Disse que está “muito boa”. “O que os estados já têm na ponta da linha… temos que tomar cuidado para não afogar os estados com recursos. Nunca teve tanta grana dessa forma. Eu pretendo gastar todo o orçamento nosso da melhor forma.”