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    Ministério “colabora com desinformação” sobre vacinas, diz Associação Médica Brasileira

    A AMB contesta outro argumento do Ministério, o de que a melhoria dos indicadores da pandemia justificaria interromper a vacinação dos jovens

    Vacinação contra a Covid-19 em São José dos Campos (SP)
    Vacinação contra a Covid-19 em São José dos Campos (SP) Adenir Britto/PMSJC

    Iuri Pitta

    Em nota técnica sobre a vacinação de adolescentes de 12 a 17 anos, a Associação Brasileira Médica (AMB) criticou a decisão do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, de suspender a imunização desse público, estimado pela própria pasta em cerca de 20 milhões de jovens.

    A entidade também contesta uma das argumentações de Queiroga, ao afirmar que a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a vacinação desse público, mesmo sem comorbidades, desde que respeitada a prioridade aos grupos mais vulneráveis.

    “Não se justificam, portanto, os argumentos genéricos presentes na Nota Informativa Nº 1/2021-SECOVID/GAB/SECOVID/Ministério da Saúde de 15/09/2021 que questionam e eficácia dos ensaios clínicos randomizados no tocante aos evidentes benefícios da vacinação nessa faixa etária”, afirma a nota do Comitê Extraordinário de Monitoramento Covid_AMB (CEM Covid AMB).

    “Da mesma forma, não se justifica questionar a segurança desse imunizante baseado em supostos casos de eventos adversos pós-vacinais pontuais, ainda mais em situações que estão em investigação em andamento, sem que esteja estabelecida a relação de nexo causal.”

    A AMB contesta outro argumento do Ministério, o de que a melhoria dos indicadores da pandemia justificaria interromper a vacinação dos jovens.

    “Justamente o inverso, o avanço no controle da Pandemia no país se deu única e exclusivamente por finalmente, depois de um lamentável atraso, estarmos realizando uma vacinação ampla e rápida da população, incluindo milhões de adolescentes”, diz a associação médica.

    Por fim, a AMB “recomenda manter a vacinação Covid em adolescentes no Brasil, e lamenta o conteúdo da Nota Informativa Nº 1/2021-SECOVID/GAB/SECOVID/Ministério da Saúde de 15/09/2021, que colabora para a desinformação e insegurança em relação à vacinação no país”.

    Leia a íntegra da nota:

    Nota Técnica sobre a Vacinação Covid em Adolescentes no Brasil

    O Comitê Extraordinário de Monitoramento Covid_AMB (CEM Covid AMB), em consonância com as sociedades médicas que o compõe, comunica preocupação sobre a Nota Informativa Nº 1/2021-SECOVID/GAB/SECOVID/Ministério da Saúde de 15/09/2021, documento que indica interrupção da vacinação Covid em adolescentes sem comorbidades.

    A imunização nesse grupo já havia sido iniciada há algumas semanas em diversos municípios e estados do Brasil, sendo que mais de três milhões de cidadãos adolescentes na faixa etária entre 12 a 17 anos já receberam a primeira dose do imunizante Pfizer, único com registro na Anvisa e aprovado em bula para essa população.

    O CEM Covid AMB, com o objetivo de contribuir para a discussão técnico-científica sobre a vacinação de adolescentes entre 12 a 17 anos no Brasil, esclarece que:

    1. Eficácia e Segurança: órgãos regulatórios nacionais e internacionais como a ANVISA e o FDA aprovaram a vacina Covid da Pfizer em adolescentes, decisão baseada em rigorosos ensaios clínicos randomizados que incluíram milhares de voluntários, que demonstraram eficácia em termos de imunogenecidade em indivíduos que receberam duas doses desse imunizante. No tocante à segurança dessa vacina, a incidência e gravidade dos potenciais eventos adversos evidenciados nesses estudos foram não significativos quando comparados aos benefícios da proteção conferida pelo imunizante.

    Não se justificam, portanto, os argumentos genéricos presentes na Nota Informativa Nº 1/2021-SECOVID/GAB/SECOVID/Ministério da Saúde de 15/09/2021 que questionam e eficácia dos ensaios clínicos randomizados no tocante aos evidentes benefícios da vacinação nessa faixa etária.

    Da mesma forma, não se justifica questionar a segurança desse imunizante baseado em supostos casos de eventos adversos pós-vacinais pontuais, ainda mais em situações que estão em investigação em andamento, sem que esteja estabelecida a relação de nexo causal.

    No que se refere especificamente ao evento adverso miocardite, sua incidência é extremante rara (16 casos/milhão de pessoas que recebem duas doses da vacina), geralmente leve, e inferior ao risco da própria Covid-19.

    2. Organização Mundial de Saúde (OMS): ao contrário da Nota Informativa Nº 1/2021-SECOVID/GAB/SECOVID/Ministério da Saúde de 15/09/2021, a OMS recomenda a vacinação de adolescentes entre 12 a 17 anos sem comorbidades, desde que obedecida a priorização da imunização de outros grupos mais vulneráveis.

    3. Evolução Clínica da Covid em Crianças e Adolescentes: apesar de relativamente à outras faixas etárias a Covid-19 ser de menor gravidade em crianças e adolescentes, o Brasil já acumula mais de 2.000 óbitos desde o início da Pandemia em menores de 18 anos, número muito superior ao total de mortes nessa população quando se observa outras doenças imunopreveníveis.

    4. Cenário Epidemiológico no Brasil: ao contrário do que a Nota Informativa Nº 1/2021-SECOVID/GAB/SECOVID/Ministério da Saúde de 15/09/2021, a melhora do cenário epidemiológico no Brasil não justifica interrupção da vacinação em adolescentes, e sim justamente o inverso, o avanço no controle da Pandemia no país se deu única e exclusivamente por finalmente, depois de um lamentável atraso, estarmos realizando uma vacinação ampla e rápida da população, incluindo milhões de adolescentes.

    Portanto, levando em consideração os pontos acima, o CEM Covid AMB recomenda manter a vacinação Covid em adolescentes no Brasil, e lamenta o conteúdo da Nota Informativa Nº 1/2021 SECOVID/GAB/SECOVID/Ministério da Saúde de 15/09/2021, que colabora para a desinformação e insegurança em relação à vacinação no país.