Mesmo com anticorpos, mulher foi reinfectada por nova variante da Covid-19 no AM
Estudo da Fiocruz mapeou origem da nova cepa identificada no Amazonas
Um estudo publicado nessa segunda-feira (18) pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) avalia a reinfecção de uma mulher moradora do estado do Amazonas – que já havia tido Covid-19 com a linha viral “B.1”, conhecida até então – por uma nova linhagem do novo coronavírus.
De acordo com o estudo, casos de reinfecção já vinham acontecendo com uma mesma variante, que circulou por todo o Brasil em 2020. Entre os motivos para o paciente não ser “imune” depois de infectado estão a capacidade do vírus de evitar a resposta imunológica anterior e/ou uma limitação na imunidade do indivíduo.
O caso avaliado pelo estudo é de uma mulher de 29 anos que contraiu Covid-19 em março de 2020 e apresentou, à época, sintomas como febre, dor de garganta, tosse, dor muscular, náusea e dor nas costas. Apesar de sintomático, o quadro foi moderado e não apresentou evoluções.
Em 19 de dezembro, a paciente relatou ter participado de uma celebração de final de ano com outras 10 pessoas. Para a reunião, a mulher fez um teste rápido de IgG, que confirmou que haviam anticorpos para o novo coronavírus, mas que ela não estava infectada no momento.
Um dos participantes da celebração testou positivo para o novo coronavírus em 24 de dezembro. Em 27 de dezembro, a mulher, então, começou a ter um segundo episódio sintomático, apresentando oximetria em 97%, febre, tosse, dor de garganta, diarreia, perda de paladar e olfato, dor de cabeça e coriza.
Novamente, os sintomas foram moderados. Um segundo teste confirmou a reinfecção do vírus.
A partir do estudo dos resultados da paciente, a Fiocruz identificou a presença de duas linhagens diferentes do novo coronavírus: “B.1” na primeira infecção e “P.1” na reinfecção”. Para isso foram comparados os genomas da variante identificada no Japão após um grupo de viajantes passar pelo Amazonas.
O estudo também rastreou a origem dessa nova linhagem “P.1” para 1º de dezembro. “Este período de tempo exclui a possibilidade de longo prazo da persistência do vírus ‘P.1’ desde a primeira infecção e rastreou a segunda infecção alguns dias antes do início dos sintomas de reinfecção, em 27 de dezembro”, diz a pesquisa.
A pesquisa também avalia que os anticorpos criados contra o novo coronavírus após a primeira infecção têm um melhor desempenho, na maioria das pessoas, em reinfecções nos primeiros seis meses.
Isso confirma mais uma possibilidade de que alguém que já foi infectado e possui imunidade para a Covid-19 possa ter uma nova infecção.
Segundo o estudo, os pesquisadores avaliam a capacidade do vírus de ‘contornar’ os anticorpos presentes criados a partir de uma primeira infecção com a variante que estava presente no Brasil.
A pesquisa aponta para a necessidade de estudos urgentes que analisem se a nova alta nos casos entre dezembro e janeiro se deu pelo maior potencial infeccioso dessas novas linhagens circulando no Amazonas e em outros estados brasileiros.