Medida do Ministério da Saúde é insensata, diz secretário da Saúde de SP
Jean Gorinchteyn avaliou que o anúncio da pasta pode ter acontecido por "mau assessoramento" e que espera que não tenha "viés político"
O secretário da Saúde do estado de São Paulo Jean Gorinchteyn afirmou à CNN, nesta quinta-feira (16), que a recomendação do Ministério da Saúde de suspender a vacinação de adolescentes de 12 a 17 anos sem comorbidades ou deficiência permanente contra a Covid-19 é insensata.
“Foi uma atitude equivocada, para não dizer irresponsável. Temos um plano de vacinação de adolescentes com aval da Anvisa sendo extremamente rigoroso, e da própria OMS. Lembrando que outros países já vacinam com os mesmo imunizantes, com China, Canada, Israel”, afirmou à CNN.
Mais cedo, o Ministério da Saúde reforçou que recomenda a suspensão da imunização dos jovens que não têm comorbidades, deficiência permanente ou que estejam privados de liberdade devido à “notificação de casos de eventos adversos” naqueles que não foram vacinados com a Pfizer.
Gorinchteyn avaliou que o anúncio do ministro Marcelo Queiroga pode ter acontecido por “mau assessoramento” e que espera que não tenha “viés político”.
“Eu espero que não tenha viés político, talvez por mau assessoramento. […] Gerou um desgaste, porque nós temos que ressaltar a importância em se vacinar. Temos que fazer a 3ª dose, temos que antecipar a 2ª dose e vacinar esses grupos de adolescentes”, disse.
“Doses não recomendadas pela Anvisa”
Nesta quinta, em coletiva de imprensa, o ministro da Saúde Marcelo Queiroga disse que dos 3,5 milhões de adolescentes imunizados no país, milhares receberam doses de imunizantes que não são recomendados pela Anvisa para este público.
Sem citar qual imunizante ou apresentar dados concretos, a pasta alegou que mais de 1.500 teriam sofrido eventos adversos, a maioria leves.
À CNN, o secretário da Saúde de São Paulo rebateu a declaração e disse que a “chance de ser uma inverdade é muito grande”.
“Nós precisamos de dados oficiais para poder avaliar. Por isso vamos nos antecipar para iniciar as diligências para avaliar se é uma verdade ou não. A chance de ser uma inverdade é muito grande”.
O secretário da Saúde ressaltou ainda que a atitude gerou uma “inconformidade da comunidade científica”.
O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) divulgaram, nesta quinta, uma nota criticando a decisão do governo federal e reforçando a importância da vacinação de adolescentes.
Capitais mantêm vacinação
Após a polêmica sobre a imunização de jovens no Brasil, 10 capitais afirmaram que manterão a vacinação contra Covid-19 de adolescentes de 12 a 17 anos. Cinco delas informaram que vão suspender a imunização desta população, e outras quatro aguardam mais informações para decidir se mantêm ou se suspendem a vacinação deste público.
As informações foram levantadas junto às secretarias municipais e estaduais de saúde pela Agência CNN.
Estados que vão manter a vacinação
- São Paulo
- Santa Catarina
- Mato Grosso do Sul
- Piauí
- Amapá
- Espírito Santo
- Goiás
- Maranhão
- Roraima
- Distrito Federal
- Pernambuco
Capitais que vão manter vacinação
- São Paulo (SP)
- Rio de Janeiro (RJ)
- Aracaju (SE)
- Goiânia (GO)
- Manaus (AM)
- Rio Branco (AC)
- Vitória (ES)
- Porto Alegre (RS)
- Recife (PE)
- Porto Velho (RO)
Capitais que vão suspender a vacinação
- Salvador (BA)
- Natal (RN)
- Belém (PA)
- Campo Grande (MS)
- Maceió (AL)
Capitais que aguardam informações para decidir
- Palmas (TO)
- Fortaleza (CE)
- Florianópolis (SC)
- Boa Vista (RR)
Capitais que não começaram a vacinar adolescentes
- Teresina (PI)
- Belo Horizonte (MG)
- Cuiabá (MT)
- Curitiba (PR)
- João Pessoa (PB)
(Com informações de Camila Neumam, da CNN, em São Paulo)