Médicos relatam transferência de pacientes por falta de oxigênio em SP
Segundo relato, os pacientes que chegaram de ambulância estavam com o nível de oxigênio muito baixo e com parada por hipóxia
Profissionais da saúde foram informados, na noite de sexta-feira (19), que, por falta de oxigênio, pelo menos 10 pacientes deram entrada no Hospital Planalto, na Zona Leste de São Paulo, referência para atendimento da Covid-19, vindos da UPA Ermelino Matarazzo, na mesma região.
Segundo o relato de um profissional da linha de frente que trabalha no Hospital Planalto e que preferiu não se identificar, os pacientes que chegaram de ambulância estavam com o nível de oxigênio muito baixo e com parada por hipóxia. Quatro pacientes ficaram internados em estado grave no hospital em que ele trabalha.
O profissional também relatou que, há pelo menos 15 dias, diversos ventiladores mecânicos estão parados em caixas no chão do hospital. Segundo o médico, alguns leitos no hospital ainda não foram ativados por falta de equipamentos.
Em entrevista à CNN, o secretário Edson Aparecido disse que o equipamento no chão é de respiradores que chegaram ontem à noite e serão montados amanhã para poder disponibilizar mais leitos a partir de segunda. O Hospital de Itaquera, segundo ele, dispõe de 60 leitos e a prefeitura já conseguiu aumentar este número para 160.
Ainda de acordo com o secretário, não há falta oxigênio. “O que nós temos hoje é uma pressão na logística de distribuição”. Segundo ele, na tarde de sexta-feira (19), a UPA Ermelino Matarazzo começou a usar o tanque de reserva e, enquanto o oxigênio não era reabastecido pela empresa, os médicos decidiram, por precaução, tranferir os pacientes.
Em nota, a White Martins informa que não faltou oxigênio para a UPA Ermelino Matarazzo, mesmo com o consumo do produto na unidade tendo aumentado de forma exponencial (16 vezes), saindo de 89 metros cúbicos por dia em dezembro de 2020 para 1.453 metros cúbicos por dia no dia 18 de março.
“No dia 19 de março de 2021, a UPA consumiu todo o produto do tanque de oxigênio (suprimento primário) e o sistema iniciou automaticamente o uso da central reserva de cilindros (suprimento secundário). Esta central reserva (dotada de duas baterias independentes de cilindros) entrou em operação. Durante o uso do suprimento secundário, o suprimento primário (tanque) foi abastecido, não ocorrendo falta de produto”, comunicou a companhia.
A empresa informa ainda que a rede interna de distribuição do oxigênio para uso terapêutico é de responsabilidade dos estabelecimentos assistenciais de saúde, e a White Martins tem alertado exaustivamente seus clientes sobre os riscos envolvidos na transformação de unidades de pronto atendimento em unidades de internação para pacientes com Covid-19 sem um planejamento adequado.
No caso específico desta UPA, a empresa diz que a unidade já foi notificada formalmente sobre a necessidade de informar previamente qualquer incremento de consumo do produto à fornecedora, visando que a mesma pudesse avaliar e adequar seus equipamentos instalados (tanque e cilindros) e malha logística. Até o momento, a White Martins não recebeu nenhum retorno desta unidade sobre a previsão de demanda ou necessidades de acréscimo no consumo de oxigênio mesmo diante do cenário acima narrado.