Média diária de mortes por Covid-19 em abril já supera a de março
Dados de óbitos registrados nos seis primeiros dias deste mês confirmam projeções de especialistas; até então, março era o mês mais letal da pandemia
![Coveiro com traje de proteção no cemitério da Vila Formosa, em São Paulo, durante pandemia da Covid-19 Coveiro com traje de proteção no cemitério da Vila Formosa, em São Paulo, durante pandemia da Covid-19](https://preprod.cnnbrasil.com.br/wp-content/uploads/sites/12/2021/06/31949_808862C8718BB6E3-4.jpg?w=1220&h=674&crop=1)
As projeções feitas por especialistas ouvidos pela CNN, de que abril deve ser um mês ainda mais letal que março, quando morreram 66,8 mil pessoas vitimadas pela Covid-19, número recorde desde o início da pandemia, começam a se concretizar.
A média diária de óbitos nos seis primeiros dias de abril já supera em 19,23% a de março. Isso representa mais de 400 mortes a mais por dia.
Em março, a média foi de 2.157 registros diários de falecimentos. Nestes primeiros dias de abril, ela sobe para 2.572. Nesta terça-feira (6), o Brasil atingiu mais um recorde de vidas ceifadas pela Covid-19 registradas em um só dia – foram 4.195 mortes em 24 horas. Essa foi a primeira vez que o total superou a marca de 4 mil.
O número se aproxima das projeções feitas por especialistas ainda em março de que país poderia alcançar neste mês os cinco mil mortos diários pela doença.
Pós-doutor em Epidemiologia e professor da Faculdade de Estatística da Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói, na região metropolitana do Rio, Márcio Watanabe é responsável pelo estudo “Detecção precoce da sazonalidade e predição de segundas ondas na pandemia de Covid-19”. Nele, o especialista aponta, por meio de modelos matemático-epidemiológicos, que o país deve atingir os cinco mil mortos por dia ainda abril.
“Nós estamos próximos do nível máximo e mais crítico da doença, mas vamos alcançar esse patamar. Acreditamos que nessa e na próxima semana o número de mortes ainda vai continuar aumentando. A pesquisa não levou em conta o recesso sanitário feito em algumas cidades, como Rio de Janeiro e São Paulo, para conter o avanço da Covid-19, mas acredito que podemos ultrapassar a primeira projeção”, analisa.
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgou nesta terça um novo boletim no qual alerta que a pandemia deve permanecer em níveis críticos ao longo de abril. A análise mostra que o vírus Sars-CoV-2 e suas 92 variantes permanecem em circulação intensa em todo o país.
Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o infectologista Celso Ramos prevê que o mês atual será mesmo mais letal que o anterior.
![Enterro de vítima da Covid-19 no cemitério da Vila Formosa, em São Paulo (SP) Enterro de vítima da Covid-19 no cemitério da Vila Formosa, em São Paulo (SP)](https://preprod.cnnbrasil.com.br/wp-content/uploads/2021/06/10221_C85B68CD088DEC56-7.jpg)
“A média de mortes em abril vai superar os números de março com muita facilidade. É muito difícil dizer quando a situação vai começar a melhorar. A contaminação vai diminuir quando a vacinação avançar, mas isso ainda vai demorar”, explica o pesquisador, que até o ano passado compunha o comitê científico da Prefeitura do Rio.
Entre os pesquisadores, é consenso que somente o avanço rápido da campanha de vacinação contra a Covid-19, o distanciamento social e medidas restritivas mais severas podem frear a pandemia. No Boletim Observatório Covid-19, de 7 a 20 de março, a Fiocruz já alertava para a necessidade de um lockdown nacional.