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    Mandetta: Médicos podem receitar cloroquina, mas devem informar sobre riscos

    Ministro da Saúde voltou a manifestar preocupação com possíveis efeitos colaterais da substância

    Guilherme Venaglia , Da CNN, em São Paulo

    O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM), afirmou nesta terça-feira (7) que os médicos brasileiros não estão impedidos de receitar o tratamento com cloroquina e hidroxicloroquina aos seus pacientes no combate ao coronavírus (COVID-19).

    Ele disse, no entanto, que o Ministério da Saúde não vai recomendar oficialmente o tratamento neste momento e que os riscos devem ser consentidos entre médico e paciente. “Se o médico está convencido, ele deve comunicar isso para o paciente. A prescrição é dele, o carimbo é dele, a farmácia está lá, vai dispensar”, afirmou.

    Mandetta voltou a manifestar preocupação com os possíveis efeitos colaterais da aplicação da substância. “O que a gente alerta é que esse medicamento não é inócuo. Não é algo que a gente diga que não há problema nenhum”, argumentou. “Tudo em medicina é uma questão de risco-benefício”.

    “O médico deve alertar ao doente dos riscos, da impressão médica, da pouca literatura, da pouca evidência, mas que ele [se baseia] na sua crença médica. Ele que faça até um termo de consentimento. O risco corremos juntos. Isso existe na prática médica e não é novidade para nenhum médico brasileiro”, disse o ministro.

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    Defendido por parte da classe médica e pelo presidente Jair Bolsonaro, o uso da hidroxicloroquina em pacientes com COVID-19 está baseado em experimentos na França e na China, que indicaram melhora no quadro de infectados. No entanto, a ponderação levantada por Mandetta está fincada na ocorrência de arritmias cardíacas em parte dos que tomam a substância.

    Segundo o ministro, o fato do novo coronavírus ter suas versões mais graves em pacientes com cardiopatia preocupa. “Você pode tentar proteger pacientes com risco maior de ter um problema no futuro, como aqueles com mais de 60, mais de 70 ou até mais de 80 anos. Todos eles costumam ter algum problema cardíaco”, diz.

    Em relação ao atendimento hospitalar, a recomendação do ministério é que o remédio possa ser aplicado nos pacientes cujos casos necessitam internação. No entanto, fica fora a recomendação expressa para o uso em pacientes com sintomas leves, desejada por médicos próximos ao Palácio do Planalto.

    Estudos

    Em sua entrevista coletiva, o ministro Luiz Henrique Mandetta afirmou que há nove ensaios clínicos sendo realizados no Brasil analisando os efeitos da hidroxicloroquina e de outros medicamentos em pacientes com a COVID-19. De acordo com ele, os resultados preliminares devem ser conhecidos até o final deste mês. 

    “Para que nós possamos assinar que o Ministério da Saúde recomenda essa medida precisamos de mais tempo para saber se isso é um coisa boa ou pode ter efeito colateral. Isso não é gostar de A, de B ou de C, é analisar com um pouco mais de luz”, disse Mandetta. Segundo ele, a pasta vai aguardar um apoio do Conselho Federal de Medicina (CFM) antes de mudar de posição.

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