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    Mãe internada em UTI luta contra COVID-19 e não sabe que filho morreu da doença

    Quatro pessoas da mesma família de Praia Grande, no Litoral de São Paulo, foram infectados pelo novo coronavírus; jovem de 31 anos morreu no domingo

    José Brito , Da CNN, em São Paulo

    Uma família da Praia Grande, no litoral de São Paulo, foi duramente atingida pelo novo coronavírus. No domingo (12), o vigilante Luiz Fagner Dias Novaes, de 31 anos, morreu, por choque séptico e síndrome respiratória aguda grave, no Hospital Intermédica ABC, em São Bernardo do Campo. Três dias antes, uma contraprova confirmou que ele estava com COVID-19.

    A 55 km dali, no Hospital Guilherme Álvaro, em Santos, a mãe dele, Alzira da Silva Novaes, uma dona de casa de 58 anos, luta pela vida contra a mesma doença. Entubada, desde o dia 7 de abril, e sem ter a confirmação do teste feito, ela não sabe da morte do caçula e que suas duas outras filhas também estiveram internadas e receberam alta.

    “Neste momento, estou liberando o corpo dele. Ele tinha o melhor prognóstico. Todos foram tratados no SUS (Sistema Único de Saúde), só ele foi tratado no particular. A gente acredita que quem está pagando deveria ser melhor atendido, mas não é verdade”, disse a irmã de Luiz e técnica de enfermagem, Maria Carolina Novaes. A CNN pediu ao hospital mais informações sobre a morte de Luiz, mas não recebeu resposta até a publicação deste texto.

    Maria Carolina testou positivo para o novo coronavírus e foi uma das filhas que conseguiu se recuperar da doença. Ela pediu documentos do prontuário do irmão para entender se houve alguma intercorrência e qual a medicação usada como tratamento.

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    Dois Acidentes Vasculares Cerebrais (AVCs) em menos de 24 horas sofrido pelo pai deles, Silvio Dias Novaes, de 60 anos, no dia 20 de março, levou a família a se revezar como acompanhante no Hospital Municipal de Cubatão. Tetraplégico, ele perdeu os movimentos abaixo do pescoço.

    “Provavelmente, foi no hospital [que a família se infectou]”, acredita Maria Carolina. “Uma semana antes do meu pai ter os AVCs, eu não deixava eles saírem para nada. Eu que resolvia tudo para eles.”  

    No quinto dia de acompanhamento, a esposa de Silvio começou a sentir os sintomas da COVID-19, dois dias depois foi a vez da Maria Carolina e da irmã, a professora Maria Fernanda – a outra irmã que também teve alta hospitalar. No sétimo dia, foi Luiz quem começou a ter febre, tosse, dor de cabeça.

    “Ele foi umas cinco vezes, na Casa de Saúde da Praia Grande. Ele só foi internado, no dia 2 de abril, já com bastante falta de ar, com mais de 39 graus de febre e sem conseguir andar”, conta a irmã.

    Rapaz de 31 anos ficou 5 dias estável, mas depois seu quadro de saúde piorou
    A família acredita que Luiz Fagner Dias Novaes foi infectado pela COVID-19 no Hospital Municipal de Cubatão, onde acompanhou o pai que sofreu um AVC
    Foto: Arquivo Pessoal

    Segundo a família, Luiz – que se tratou há seis meses de uma trombose – ficou cinco dias com quadro estável, mas teve uma convulsão e precisou ser entubado. “A partir daí, só complicou. Há dois dias, o rim dele parou e ele teve falência múltipla dos órgãos, devido a septicemia [doença causada por infecção]. Foi uma complicação do COVID-19.”, explica Maria Carolina. O vigilante deixa mulher e dois filhos, um de nove e outro dois anos. No domingo foi aniversário do mais velho.

    Maria Carolina espera que a mãe se restabeleça e que o pai também fique bem porque os netos precisarão deles, mas admite um sentimento de derrota. “Como uma profissional de saúde pode perder um irmão tão jovem? Isso mostra que ninguém está acima da vida e da morte”, finaliza.

    Na tarde desta segunda-feira (13), parte da família enterra o corpo de Luiz em caixão fechado, em um cemitério público da Praia Grande.

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