Infectologistas defendem vacinar adolescentes para frear disseminação do vírus
Rio pretende ser a primeira cidade brasileira a vacinar pessoas acima de 12 anos já a partir de setembro
Apesar de somente a vacina da Pfizer ter autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ser aplicada em menores de 18 anos, a expectativa é de que, com novos testes, outros imunizantes recebam a liberação no Brasil.
A aplicação das doses em adolescentes foi anunciada nesta sexta-feira (18) pelo prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes. O Rio pretende ser a primeira cidade brasileira a vacinar pessoas acima de 12 anos, já a partir de setembro.
Especialistas ouvidos pela CNN falam sobre a importância de imunizar esse público. Alberto Chebabo, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), diz que essa vacinação é importante para aumentar o esquema vacinal e reduzir a transmissão do vírus.
À CNN, o infectologista ressalta que, assim como ocorre em outros países, ao terminar a imunização por idade, é fundamental que os adolescentes sejam incluídos no calendário para receberem as doses contra o coronavírus.
“Claro que a vacinação em crianças só será realizada após os grupos de maior risco, não é uma prioridade, por isso está sendo feita por idade decrescente. Mas é relevante para diminuir a disseminação do vírus. Provavelmente outros imunizantes irão pelo mesmo caminho da Pfizer, fazendo testes com essa população. Acredito que, em breve, com a evolução dos estudos, até as pessoas abaixo dos 12 anos poderão ser vacinadas contra Covid”, afirmou Chebabo.
Segundo o infectologista e epidemiologista Bruno Scarpellini, pesquisador da PUC-Rio, o público mais jovem tende a ter uma maior resposta imune diante da vacinação.
“A vacina funciona de forma igual em adultos e adolescentes, sendo que, quando ficamos mais velhos, nosso sistema imune tende a envelhecer, desta maneira, a resposta imune se torna um pouco menor”, explica Scarpelinni.
Os dois especialistas ouvidos pela CNN ressaltam que as contraindicações para os imunizantes são as mesmas para todas as faixas etárias. Eles também lembram que, para serem autorizadas, todas as vacinas necessitam de testes que comprovem a segurança e eficácia no grupo para qual serão indicadas.
Até o momento, os outros três imunizantes aprovados no Brasil, Coronavac, Oxford e Janssen, têm a bula indicada somente para pessoas acima dos 18 anos no país.
No dia 5 deste mês, a China aprovou o uso emergencial da Coronavac em crianças a partir de três anos de idade. O presidente da farmacêutica Sinovac, Yin Weidong, indicou que após os ensaios clínicos foi identificado que a aplicação nessa faixa etária “é tão segura e eficiente quanto para adultos”, segundo a mídia chinesa Global Times.
Procurada, a assessoria do Instituto Butantan informou à CNN que, com base na autorização do governo chinês, assim que o Instituto tiver acesso aos documentos, deverá encaminhar os dados à Anvisa, para que sejam analisados e, eventualmente, a CoronaVac seja aprovada no Brasil para os adolescentes.
(* Sob supervisão de Helena Vieira)