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    Fiocruz reforça necessidade de ampliar vacinação contra Covid-19 para crianças

    Estudo publicado nesta terça-feira (21) mostra tendência de estagnação da imunização no país e que vacinação infantil é fundamental para alavancar a cobertura vacinal

    Iuri Corsinida CNN , em São Paulo

    A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) publicou nesta terça-feira (21) um estudo que reforça a importância de vacinar as crianças de 5 a 11 anos contra a Covid-19, como estratégia para ampliar a cobertura vacinal no país. De acordo com a pesquisa, sem a inclusão desta faixa etária na campanha, só seria possível proteger, na melhor das hipóteses, 85% da população brasileira.

    Para o pesquisador Raphael Guimarães, integrante do Observatório Covid-19 e um dos autores do estudo, com este índice seria praticamente impossível atingir o percentual mínimo necessário para o relaxamento seguro das medidas de contenção da pandemia, algo na faixa de 80%.

    “Se olharmos para o Brasil como um todo, 15% da nossa população é composta por pessoas de zero a 11 anos. De forma que, mesmo que se consiga vacinar todas as pessoas com 12 anos ou mais, só seria possível chegar a 85% da população total imunizada. É um patamar ruim se for pensar que no mínimo aceitável para fazer qualquer forma de flexibilização mais contundente”, afirma o pesquisador.

    A Fiocruz também destacou que observa, desde setembro, uma tendência de estagnação da imunização no país, o que aponta para uma necessidade de ampliar a faixa etária vacinal. Segundo a fundação, é preciso reforçar a imunização nas regiões de baixa adesão.

    No Norte, os números estão bem abaixo dos apresentados no Sul e no Sudeste. O Amapá, com 36,7% da população com duas doses, tem a menor cobertura. O índice representa menos da metade do indicador de São Paulo (74,8%), onde está a maior proporção de população vacinada.

    Para a Fiocruz, é necessária uma intervenção mais ativa por parte dos estados e principalmente dos municípios, como explica Raphael Guimarães.

    “É preciso garantir a criação de postos volantes para que seja possível acessar os lugares onde a população não consegue ir. Mas ao criar essa estratégia é preciso garantir que ela se repita para aplicação da segunda dose também”, diz o pesquisador. “O SUS tem experiência com isso, pois assim fazemos desde a publicação da política nacional de atenção básica, em 2011, com relação às equipes fluviais, principalmente no Norte, onde utilizamos barcos para acessar a população ribeirinha de lugares mais remotos do país”, completa.

    Ainda de acordo com o estudo, o risco para locais onde há baixa cobertura vacinal, caso não haja avanço da imunização, não se restringe a uma disseminação mais veloz da Ômicron, mas pode provocar o surgimento de novas variantes e, eventualmente, alguma delas pode apresentar escape vacinal.

    “A cada vez que o vírus consegue se adaptar bem ao ambiente e criar alguma forma de mutação, o que faz surgir essas novas variantes, estamos sob risco de encontrar uma variante que tenha maior resistência à vacina e seja mais agressiva ao corpo humano”, avalia.

    O estudo, no entanto, salienta que essa desaceleração na vacinação é justamente puxada pela dificuldade de acesso de parte da população, e não, necessariamente, por uma recusa das pessoas em irem se vacinar.

    A Fiocruz voltou a ressaltar que a estratégia de vacinação como medida de mitigação da pandemia tem sido uma medida efetiva, no Brasil e no mundo, e que a população, de uma forma geral, vem aderindo à aplicação das vacinas.

    Os responsáveis pelo trabalho salientaram, ainda, que há eficácia comprovada das vacinas em crianças de 5 a 11 anos e que estudos de segurança indicam que é possível sua utilização.

    “Temos estudos publicados falando sobre a eficácia das vacinas nas crianças. O imunizante passou por adaptações justamente para imunizá-las sem oferecer risco. Não tem por que as pessoas terem medo ou receio de aplicar as vacinas. Agora precisamos imunizar as crianças mais do que nunca”, diz.

    Segundo o pesquisador, a combinação da introdução da variante Ômicron com o período das férias escolares faz deste o momento ideal para início da vacinação infantil.

    A vacinação para esse público foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na última quinta-feira (16), com o imunizante da Pfizer. No dia seguinte, a Câmara Técnica de Assessoramento em Imunizações da Covid-19 (CTAI Covid-19), do Ministério da Saúde, também aprovou a medida, por unanimidade.

    Mesmo com as aprovações, contudo, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, tem defendido que a pasta faça uma análise minuciosa para decidir se aprova ou não a imunização deste público. Em declarações recentes, o presidente Jair Bolsonaro (PL) defendeu que a medida ocorra com a assinatura de um termo de compromisso por parte dos pais ou responsáveis.

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