Fiocruz pretende iniciar produção do IFA nacional em maio
Segundo o vice-presidente de Produção e Inovação, a Fiocruz já conseguiu finalizar toda a infraestrutura que permite iniciar o processo
O vice-presidente de Produção e Inovação da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Marco Krieger, disse, em entrevista exclusiva ao CNN Prime Time, que a Fiocruz já conseguiu finalizar toda a infraestrutura que permite iniciar a produção do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) nacional.
De acordo com Krieger, a fábrica deve receber a visita da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no fim deste mês e, caso seja aprovada, a produção do IFA brasileiro pode já começar em maio. No entanto, além desse processo, a produção deve passar por outros testes.
“Da mesma maneira que fizemos com o lote inicial, nós temos que fazer dois lotes de pré-validação, três lotes de validação e temos que obter o registro sanitário”, disse.
Embora a Fiocruz tenha reduzido em 37% a previsão de entrega dos imunizantes para abril, Krieger afirmou que a Fundação está revendo o plano original de produção. Ele ressaltou, ainda, que agora é um “momento possível para a aceleração da entrega das vacinas” por conta da colocação de duas linhas de produção e de uma negociação para acelerar a importação de IFAs.
O vice-presidente de Produção e Inovação também confirmou que a Fiocruz deve entregar 5 milhões de doses nesta semana e que a Fundação já tem 20 milhões de doses prontas que aguardam a liberação por parte do controle de qualidade.
“Nós tínhamos uma previsão no início do projeto de 15 milhões de doses por mês, iniciando em janeiro. Atrasamos isso, mas hoje estamos com uma capacidade aumentada em relação a esse projeto inicial” afirmou.
Sobre os relatos de coágulo sanguíneo em adultos que receberam o imunizante de Oxford/Astrazeneca, Krieger disse que a Fiocruz está enfrentando uma situação comum com vacinas em que eventos adversos muito raros ocorrem.
Ainda segundo ele, há uma situação que ainda é plausível, mas não existe consistência estatística para garantir que os casos estejam associados. “Assim como no caso da vacina da Janssen, foram seis casos em mais de 7 milhões de pessoas. É um para 1 milhão. A [vacina] da AstraZeneca está nessa faixa”, ressaltou.
Krieger salientou também que a Fiocruz já incorporou na vacina a orientação para que, em eventuais sintomas, seja procurada uma atenção especializada da forma mais rápida possível.
No último dia 5, um calendário sobre a vacina Oxford/AstraZeneca, produzida pela Fiocruz, apresentou uma redução no quantitativo de doses para o mês de abril. A previsão do Ministério da Saúde era receber 21.150 milhões de doses feitas no laboratório de Bio-Manguinhos com a matéria-prima vinda da China.
De acordo com a divulgação de produção, a Fiocruz previa a entrega de, no máximo, 19,7 milhões de doses até o fim deste mês, cerca de 1,4 milhão de doses a menos.
Em resposta a questionamentos do Ministério Público Federal sobre o porquê de mudanças e atrasos na entrega da vacina Oxford/AstraZeneca contra a Covid-19, a Fundação Oswaldo Cruz alegou que a complexidade da produção e o “rigoroso controle de qualidade” foram alguns dos fatores que atrasaram o planejamento para a produção da vacina pela instituição.
A informação é do analista da CNN, Leandro Resende.
O ofício foi enviado nesta terça-feira (13) pela presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, em resposta a questionamentos da Procuradoria da República em Goiás.
“Processos fabris do tipo estarão sempre sujeitos a intercorrências diversas, a exemplo do funcionamento do extenso maquinário de produção que por sua vez é igualmente inspecionado e certificado para sua utilização dedicada à produção da vacina”, argumentou a instituição.