Fiocruz inicia teste de efetividade da vacina da AstraZeneca no Complexo da Maré
Experiência começa na próxima quinta (29) com a vacinação em massa de todos os 140 mil moradores do complexo de favelas
![Movimentação em rua do Complexo da Maré, na zona norte do Rio Movimentação em rua do Complexo da Maré, na zona norte do Rio](https://preprod.cnnbrasil.com.br/wp-content/uploads/sites/12/2021/08/47253_BF7BED81B3107359.jpg?w=1220&h=674&crop=1)
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) iniciará um estudo inédito para testar a efetividade da vacina AstraZeneca/Oxford, no complexo de favelas da Maré, na capital do Rio de Janeiro.
De acordo com o coordenador do projeto, o médico Fernando Bozza, a pesquisa será dividida em duas etapas para testar a proteção direta e indireta do imunizante.
A primeira parte será a de vacinação em massa, que será do dia 29 de julho ao dia 1º de agosto, promovida pela Secretaria Municipal de Saúde do Rio.
Os pesquisadores irão imunizar com a primeira dose da vacina de Oxford toda a população acima de 18 anos que reside na Maré.
A expectativa é antecipar a vacinação de 31 mil pessoas, e manter a vigilância epidemiológica dos mais de 140 mil cariocas que moram na comunidade.
À CNN, Bozza explicou que vai analisar a proteção direta da vacina. “O desenho dessa primeira parte do estudo é identificar os testes positivos para a doença, e se a pessoa foi vacinada ou não. É um processo clássico para testar a efetividade vacinal. Você quantifica tanto os sintomáticos, quanto os vacinados, e calcula a proteção.”, disse.
A segunda fase, segundo o coordenador do estudo, consiste no acompanhamento, durante seis meses, de duas mil famílias, somando aproximadamente oito mil indivíduos.
“O outro desenho é um grupo de pessoas específico, para testar o que chamamos de imunidade indireta. Dessa forma, analisamos como a vacinação em larga escala afeta também quem não foi imunizado. Por exemplo, a gente vai intensificar a vigilância nas escolas e em menores de 18 anos, para incidência nesse grupo.”, finaliza o médico.
Segundo a Fiocruz, as duas frentes do estudo serão conduzidas simultaneamente.
Além da vacinação em massa, o acompanhamento e testagem dos moradores serão usados para a vigilância genômica da doença no local. Todas as amostras colhidas serão sequenciadas pela fundação, para análise de quais linhagens e variantes estão em circulação.
De acordo com Fernando Bozza, o sequenciamento genômico possibilita tanto a identificação de variantes que já são conhecidas, como novas mutações do vírus.
“Identificar as linhagens ajuda a compreender as cadeias de transmissão da Covid-19 na Maré. A gente consegue entender as dinâmicas de transmissão dentro da favela, se a linhagem vem de fora do local, ou se está em circulação ali.”, disse.
O estudo de vigilância genômica que teve início no mês de junho na Maré, já sequenciou cerca de 150 amostras positivas de moradores, colhidas através do Conexão Saúde.
O projeto foi criado no ano passado durante a pandemia, e oferece gratuitamente serviços de testagem, telessaúde e apoio no isolamento domiciliar a pessoas com Covid.
Até agora, das amostras sequenciadas, a linhagem predominante é a P1, identificada inicialmente em Manaus. Até agora, nenhuma amostra da variante Delta foi detectada.
*Sob supervisão de Thayana Araújo