Fiocruz aponta queda em ocupação de UTIs no país, mas situação ainda é crítica
Segundo levantamento, 14 estados e o Distrito Federal estão em alerta crítico, com taxas de ocupação iguais ou superiores a 80%
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) identificou que a situação das taxas de ocupação dos leitos de UTI destinados para pacientes com Covid-19 na rede pública do Brasil é a melhor desde fevereiro deste ano. Apesar da melhora, a situação ainda não é boa, já que 14 estados e o Distrito Federal estão em alerta crítico, com taxas de ocupação iguais ou superiores a 80%, e oito estão em alerta intermediário – com percentual entre 80% e 60%. Os dados estão no mais recente Boletim do Observatório Covid-19 da Fiocruz, que será divulgado nesta quinta-feira (24).
Apesar de ainda estarem longe do ideal, os dados representam um alívio no sistema de saúde. No entanto, Margareth Portela, pesquisadora do Observatório, alerta para chances de nova piora em uma a duas semanas devido ao aumento de incidência de casos da doença.
“Os indicadores epidemiológicos que também monitoramos no Observatório estão indicando crescimento de casos e óbitos, além de taxas preocupantes de SRAG. A situação dos leitos ainda é crítica. Não dá para dizer que estamos verdadeiramente em um cenário melhor, foi uma mudança de péssimo para ruim. Provavelmente estamos um pouco melhor do que o caos de março e abril, mas quando chegamos a esse nível os resultados terminam sendo muito piores também pelo comprometimento do acesso dos pacientes aos cuidados necessários”, afirma a pesquisadora.
Além da redução da ocupação de UTIs, os pesquisadores também identificaram uma melhora nos índices de hospitalização de idosos, reflexo do calendário de vacinação que vacinou primeiro esse grupo etário. “É um alento, mas tem de ser visto com cuidado e não autoriza dizermos que o problema agora é menor. Ainda não é. O que considero positivo é que, mesmo ainda com números muito longe do necessário, já se observa melhoras nos índices de hospitalização de idosos, os primeiros a ser vacinados”, pontuou.
Por outro lado, os pesquisadores notaram o crescimento absoluto, e não só proporcional, de internação de pacientes mais jovens, especialmente no momento mais crítico da pandemia, registrado em março e abril. Por isso, a pesquisadora reforça a necessidade de manter as medidas de contenção do vírus, como o isolamento social e o uso de máscaras, aliadas à continuidade da vacinação no país. O novo boletim também traz a preocupação com a chegada do inverno e a propagação de doença respiratórias, além de um possível novo aumento nas taxas de ocupação de leitos de UTI, especialmente nas regiões Centro-Oeste e Sul.