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    Fiocruz aponta que terminais de ônibus são locais com maior circulação de Covid

    Estudo coletou 400 amostras em Recife (PE); arredores de hospitais aparecem em segundo lugar com relação a risco de contaminação

    Iuri Corsini, da CNN, no Rio de Janeiro

    Pesquisadores da Fiocruz Pernambuco divulgaram um estudo que aponta que os terminais de ônibus são os locais onde há o maior risco de contaminação do vírus causador da Covid-19. Nestes locais de embarque e desembarque de transportes públicos, 48,7% das amostras recolhidas continham a presença do vírus. Em segundo lugar, aparecem as áreas ao redor de hospitais, onde 26,8% das amostras testaram positivo. Elas foram seguidas por parques (14,4%), mercados públicos e praias (4,1%). Outros locais somam apenas 2,2%.

    A pesquisa coletou 400 amostras de superfícies de Recife. Locais que são normalmente tocadas por diversas pessoas, como vasos sanitários, maçanetas, catracas, torneiras, corrimãos de escadas, interruptores de luz, entre outros. Foi confirmada a presença do SARS-CoV-2 em 97 destas 400 amostras recolhidas (24,25% do total). Segundo o estudo, o vírus foi detectado predominantemente em banheiros, terminais de autoatendimento, corrimãos, playgrounds e equipamentos de ginástica ao ar livre.

    Essas 400 amostras foram recolhidas de 19 diferentes locais. O vírus responsável pela Covid-19 foi detectado em 18 deles. O dado preocupa o pesquisador Lindomar Pena, coordenador do estudo realizado pela Fiocruz Pernambuco: “A circulação viral está em níveis elevadíssimos. Ou seja, o vírus está presente em praticamente todos os lugares”, afirmou.

    O levantamento também indicou quais superfícies estão mais suscetíveis à retenção do vírus. Foi identificado que o patógeno foi encontrado com maior frequência nas superfícies metálicas (46,3%) e plásticas (18,5%), seguido das superfícies de madeira (12%), pedra (10%), concreto (9%), vidro (2,2%) e outros (2%).

    “Não tem nenhuma evidência concreta de que o toque em superfícies contamine as pessoas. Até porque não dá para fazer estudos em humanos. Mas há evidências em animais que mostraram que quanto mais próximo o contato, mais eficiente a transmissão”, ponderou Lindomar.

    Para o pesquisador, o estudo confirma a percepção popular de que os maiores riscos de contágio se encontram nos transportes públicos. Porém, mesmo assim, os resultados o surpreenderam por conta da taxa de positividade tão elevada das amostras. Lindomar disse que, entre medidas como o aumento do número de ônibus em circulação, o poder público precisa atuar na manutenção das medidas de distanciamento social nestes locais de embarque e desembarque.

    “O estudo reforça a ideia de que o lockdown e o distanciamento são fundamentais para conter a dispersão do vírus. De fato, os ônibus são pontos críticos de controle e já comunicamos a Secretaria Municipal de Saúde para tomarem medidas, como disponibilização de álcool em gel, manutenção do distanciamento, aferição de temperatura, principalmente nestes pontos críticos”, informou Lindomar.

    Segundo o pesquisador, logo depois da divulgação dos dados, houve uma mudança imediata nos terminais da capital pernambucana, que passaram a adotar medidas de contenção e proteção que antes não existiam.