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    Fiocruz aponta estabilização nos casos de síndrome respiratória grave no Brasil

    Pesquisadores afirmam, no entanto, que patamar ainda é elevado no país

    Leitos de Covid-19 no interior de São Paulo: internações subiram no mês de outubro
    Leitos de Covid-19 no interior de São Paulo: internações subiram no mês de outubro Reprodução/CNN Brasil

    Mylena Guedes,da CNN* no Rio de Janeiro

    O Boletim InfoGripe, divulgado nesta quinta-feira (02) pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), indica possível estabilização nos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no Brasil. A tendência, no entanto, é de uma interrupção na queda, que se mantinha desde o final de maio. Os indícios de um provável crescimento, divulgado na última semana, não se confirmaram.

    O estudo analisa a semana entre os dias 22 e 28 de agosto e tem como base os registros no Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (SivepGripe), do Ministério da Saúde. Nesta edição, o Boletim passa a verificar os casos por faixa-etária. Em entrevista à CNN, o pesquisador e coordenador do Infogripe, Marcelo Gomes, afirma que com essa divisão é possível acompanhar os dados com mais precisão.

    “Podemos fazer avaliações mais ricas em cada região, e ajudar cada estado a fazer o acompanhamento mais detalhado. Com a estratificação, conseguimos analisar o impacto da cobertura vacinal ao comparar os dados de pessoas que já foram imunizadas e das que ainda estão nesse processo. No começo da vacinação, por exemplo, vimos um comportamento diferente nos idosos, porque o imunizante estava fazendo efeito nesse público, e a mesma coisa acontece agora na população de jovens adultos”, diz.

    O pesquisador lembra, ainda, que em crianças e adolescentes, entre 0 e 19 anos, foi observada uma estabilização nos casos em um patamar muito elevado, quando comparado com toda a pandemia. A situação atual nesse grupo é similar ao pico de março de 2020.

    “O problema é que, com o avanço da vacinação, abaixamos tanto a guarda com flexibilizações atrás de flexibilizações, que o nível de circulação do vírus respiratório está altíssimo. Os valores mais elevados na população mais jovem indicam que a transmissão comunitária segue em um patamar elevado. Por causa dessa alta transmissão comunitária ainda não chegamos em números realmente seguros”, afirma.

    Os dados mostram que apenas os estados do Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Norte e Espírito Santo apresentam sinal de crescimento nas últimas seis semanas. Contudo, no território fluminense o sinal de alta aparece a mais tempo, desde a segunda quinzena de julho.

    “Observa-se que nos estados essa tendência tem sido puxada principalmente pelos casos graves em crianças e adolescentes e pela população acima de 60 anos. No caso do Rio, para a população acima de 70 anos estima-se que a situação atual já esteja em situação similar ao observado no pico do final de 2020”, diz Gomes.

    De acordo com o pesquisador, o efeito da imunossenescência, que é o envelhecimento do sistema imunológico, pode ser um dos fatores para este cenário. Outra explicação é a alta transmissão na região e, por isso, Gomes ressalta que o caso do Rio deve servir de aprendizado para todas as outras 26 Unidades Federativas.

    “Os patamares de transmissão no território fluminense devem servir de exemplo para não ser seguido. Seria muito pior se não tivesse vacinação, pode ter certeza disso. Mas é preciso entender que a vacina sozinha não vai dar conta. Não adianta relaxar e abandonar medidas de proteção agora, como máscara e álcool em gel”, destaca.

    Os pesquisadores do InfoGripe destacam que a situação atual evidencia a necessidade de cautela em relação a flexibilização enquanto a tendência de queda de casos não tiver mantida tempo suficiente para que os valores atinjam patamares mais baixos. Também é recomendado que as autoridades reavaliem as flexibilizações já implementadas nos estados do país.

    *Sob supervisão de Isabelle Resende