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    Fiocruz aponta deficiência no tratamento de outras doenças durante pandemia

    Em nota técnica, fundação aponta que foram registradas 1,7 milhão de internações a menos no país do que num período pré-pandemia

    Isabelle Saleme e Thayana Araújoda CNN , no Rio de Janeiro

    O enfrentamento da pandemia de Covid-19 atrapalhou os atendimentos a outras enfermidades no Brasil. A informação consta numa nota técnica emitida pela Fundação Oswaldo Cruz nesta terça-feira (9). De acordo com a Fiocruz, de janeiro de 2020 a junho de 2021 foram registradas 1,7 milhão de internações a menos do que num período pré-pandemia (entre janeiro de 2018 e junho de 2019). Só com relação as internações eletivas, a diferença é de 1,2 milhão.

    Os dados apresentados no documento mostram que os períodos em que ocorreram os maiores volumes de óbitos por Covid-19 coincidem com os maiores volumes de óbitos por outras causas, e também coincidem com os menores volumes de atendimentos em diversos sistemas. Em um trecho do estudo, os especialistas dizem que “a queda do número de atendimentos de internação pode ter influenciado tanto no excesso de mortes observado, quanto pode trazer outros problemas em longo prazo”.

    Segundo os pesquisadores, “a Covid-19 teve a capacidade de colapsar sistemas de saúde, e um dos reflexos mais evidentes desse processo é a avaliação do excesso de mortalidade provocado pela doença, sobretudo nos períodos de maior ocorrência de óbitos quando o sistema teve graves problemas para atender toda a população.”

    Entre os exemplos listados dos efeitos do super direcionamento do atendimento na rede do Sistema Único de Saúde (SUS) à Covid-19, em detrimento de outras doenças, foram as quedas dos atendimentos por glaucoma e catarata. Apesar de serem cirurgias eletivas, se realizadas no momento oportuno, evitam o agravamento da doença. No entanto, sem tratamento adequado, podem trazer impactos indiretos, como a cegueira.

    Na conclusão do documento, os pesquisadores afirmam que “a observação de dados de diferentes sistemas de informação ajuda a entender o cenário de desassistência em saúde que o país enfrentou durante a epidemia de Covid-19, e o enorme passivo de atendimentos que ficaram represados e teremos que enfrentar.”

    A Fiocruz ainda aponta que a queda em ações de prevenção e promoção de saúde já apresentava diminuição em períodos anteriores a epidemia de Covid-19. E afirma a necessidade de um investimento massivo no SUS para identificação de problemas que não puderam ser diagnosticados. Os pesquisadores também apontam para a necessidade de monitorar a longo prazo os impactos indiretos decorrentes da Covid-19, sobretudo em casos que não puderam ser atendidos em momento oportuno. E lembra que, se a doença voltar a ter um crescimento no número de casos, poderemos observar novamente o aumento da mortalidade em situação de desassistência.

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