Fechamento de FOP por cateterismo: entenda a cirurgia cardíaca de Dilma Rousseff
O forame oval patente (FOP) é observado em cerca de 25% da população geral e não representa riscos para a maioria das pessoas
Forame oval patente. O nome é complicado, mas o significado é simples. A condição conhecida como FOP é caracterizada como um buraco, devido ao fechamento incompleto de uma estrutura localizada no coração. O FOP é observado em cerca de 25% da população geral e não representa riscos para a maioria das pessoas.
Nesta quarta-feira (1º), a ex-presidente Dilma Rousseff passará por uma cirurgia cardíaca para o fechamento de FOP por cateterismo. O procedimento será realizado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Saiba como é feita a cirurgia e para quem ela é recomendada:
O que é o FOP
O forame oval é um pequeno orifício presente na parede do músculo do coração que divide duas cavidades do órgão, chamadas de átrios. A estrutura permite a passagem de oxigênio e nutrientes da mãe para o bebê durante a gestação. Após o nascimento, ela fecha totalmente para a maior parte da população.
No entanto, algumas pessoas podem passar a vida toda com o pequeno buraco presente no coração, sem que isso cause qualquer problema de saúde. O diagnóstico pode ser feito por exames de imagem, incluindo o ecocardiograma. A análise da necessidade de tratamento cirúrgico é feita pelo médico cardiologista.
De acordo com o cardiologista intervencionista Roberto Botelho, diretor de comunicação da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI), os riscos de complicação pelo forame oval patente são maiores para pessoas com predisposição ao desenvolvimento de trombose, que envolve a formação de coágulos sanguíneos, pacientes que já tiveram Acidente Vascular Cerebral (AVC) sem causa identificada e indivíduos que apresentam um aneurisma próximo ao forame oval.
Para essas pessoas, é recomendada a realização de um procedimento para fechar a estrutura de forma artificial, que simula o que teria acontecido naturalmente logo após o nascimento.
Como funciona o procedimento
A intervenção cirúrgica para corrigir o problema é chamada “fechamento de FOP por cateterismo”. O procedimento consiste em colocar uma prótese com o objetivo de fechar definitivamente a estrutura.
A operação é realizada por meio de punção na virilha. Para a prótese chegar até o coração, os médicos utilizam um cateter que segue o caminho da veia pulmonar esquerda. O monitoramento é feito com a utilização de equipamento ecocardiográfico. A prótese é liberada por um dispositivo e posicionada. Em seguida, o cateter é retirado, encerrando o procedimento.
Segundo o cardiologista Roberto Botelho, o procedimento é simples e dura em torno de meia hora. O tempo de internação varia de acordo com o perfil de cada paciente. No caso do tratamento preventivo, a liberação pode ser feita no dia seguinte ao procedimento. Quando a cirurgia é realizada devido a uma complicação, como um derrame, o prazo pode ser maior. “Primeiro é tratado o derrame, com cateter, que retira os pequenos coágulos no cérebro. Depois, em outro momento, será tratado o FOP”, explica o médico.
Por ser um procedimento simples, os pacientes podem retornar às atividades normais em poucos dias. “O pós-cirúrgico é absolutamente tranquilo. Depois da alta hospitalar, já dá para voltar à vida normal. Recomendamos um período de cicatrização, que varia em cada caso, em torno de três a seis meses, para atividades intensas como a prática de esporte competitivo”, disse.
Fatores de risco
Segundo o cardiologista Roberto Botelho, a maior parte das pessoas que vive com o forame oval patente pode ter uma vida normal, sem impactos para o organismo. No entanto, quando associada a outros fatores, como obesidade, tabagismo e outras doenças cardiovasculares, a condição pode aumentar os riscos de complicações, como a predisposição à formação de coágulos sanguíneos.
Para esses pacientes, a falta do procedimento corretivo pode levar a problemas de saúde como Acidente Vascular Cerebral (AVC), trombose e déficit cognitivo ocasionado pelo acúmulo de coágulos com o tempo.