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    Febre oropouche: quais os riscos da transmissão vertical para o bebê?

    Diante dos riscos potenciais, prevenção é principal aliado de gestantes diante do surto da doença

    Priscila Carvalhocolaboração para a CNN

    A febre oropouche, uma doença viral transmitida por mosquitos, tem se tornado uma preocupação crescente no Brasil, especialmente entre gestantes. Embora ainda seja uma arbovirose relativamente desconhecida para a população em geral, o aumento de casos e as possíveis complicações relacionadas à transmissão vertical, ou seja, da mãe para o feto, acendem um alerta entre especialistas.

    Recentemente, o Instituto Evandro Chagas, em Belém do Pará, levantou a hipótese de que o vírus pode ser transmitido durante a gestação, o que poderia causar sérias consequências ao bebê.

    Mesmo com a necessidade de mais estudos para confirmar essa transmissão, a preocupação é real, principalmente pelo risco de sequelas graves, como microcefalia. As gestantes, portanto, precisam redobrar os cuidados para evitar a infecção.

    O que é a febre oropouche?

    De acordo com a infectologista Andrea Almeida, do Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (Iamspe), a condição é uma arbovirose transmitida pelo mosquito pólvora, também conhecido como maruim.

    “A doença foi registrada pela primeira vez na década de 1960 no Norte do Brasil, e, mais recentemente, vem sendo diagnosticada em diversas localidades, com casos confirmados em 16 estados”, explica a especialista.

    A enfermidade geralmente se manifesta com sintomas semelhantes aos da dengue, incluindo febre alta, dor de cabeça, dores no corpo e nas articulações, além de náuseas e vômitos. Crianças pequenas e recém-nascidos podem apresentar febre, irritabilidade e perda de apetite.

    “É importante que tanto médicos quanto pacientes fiquem atentos a essa possibilidade [de não ser dengue, mas febre oropouche], especialmente quando o teste para dengue for negativo”, destaca Almeida.

    Riscos da transmissão vertical

    A possibilidade de transmissão vertical do vírus do oropouche é uma questão ainda em estudo, mas que já preocupa os especialistas. Almeida destaca que o Instituto Evandro Chagas está investigando quatro casos de fetos com microcefalia e sorologia positiva para o vírus.

    Ainda não foi confirmada a transmissão vertical desse vírus, mas essa possibilidade levanta preocupações sobre as eventuais sequelas graves para os fetos”, alerta a infectologista.

    Francisco Ivanildo de Oliveira Junior, infectologista e médico do Sabará Hospital Infantil, acrescenta que já foram documentados casos em que o vírus foi encontrado em recém-nascidos que evoluíram para óbito.

    “Embora não saibamos ainda qual o risco estatístico dessa transmissão, sabemos que, a exemplo do vírus da Zika, a infecção materno-fetal pode levar a abortamentos, partos prematuros e malformações fetais”, explica o médico.

    Cuidados essenciais para gestantes

    A pediatra Kelly Oliveira enfatiza a importância de medidas preventivas para evitar picadas de mosquitos por parte das gestantes. “Elas devem usar repelentes seguros, roupas de manga longa e instalar telas nas janelas e portas para se protegerem”, aconselha.

    Além disso, é crucial evitar áreas onde há surtos de febre oropouche e manter-se informada sobre a situação epidemiológica local.

    Francisco Ivanildo de Oliveira Junior complementa que, além das precauções pessoais, o controle dos criadouros de mosquitos é fundamental. “Reduzir a presença de água parada, onde o mosquito se multiplica, e utilizar mosquiteiros são medidas que podem fazer a diferença na prevenção”, afirma.

    Sequelas e tratamento

    Embora a maioria dos casos de febre oropouche evolua de forma autolimitada, sem deixar sequelas, os especialistas alertam para a possibilidade de complicações neurológicas graves, como encefalite.

    “A febre oropouche pode, em casos raros, provocar alterações neurológicas, que podem deixar sequelas permanentes, como problemas motores e cognitivos”, adverte Oliveira Junior.

    Atualmente, não existe um tratamento específico ou vacina para a doença. O manejo da condição é sintomático, focando no alívio dos sintomas, como febre e dores no corpo. Em casos mais graves, pode ser necessário acompanhamento hospitalar.

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