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    Fatores genéticos podem influenciar na infecção pela Covid-19, diz estudo

    À CNN, o diretor do Laboratório de Genética e Cardiologia Molecular do InCor explica como o estudo dos genes auxilia na melhor forma de tratar um indivíduo

    Produzido por Elis Franco, da CNN em São Paulo

     

    Em entrevista à CNN, o diretor do Laboratório de Genética e Cardiologia Molecular do InCor, José Eduardo Krieger, falou sobre um estudo recente que procura entender como fatores genéticos podem influenciar no desenvolvimento de casos graves da Covid-19. A pesquisa analisou genes de 50 mil pessoas em 25 países, incluindo o Brasil. O estudo teve participação do Incor.

    “Todas as vezes que a gente fala de influências genéticas, a primeira evidência é esta, que a gente chama de clusterização ou agrupamento familiar”. No entanto, ele ressalta que, se um familiar desenvolveu caso grave, “isso não significa que a pessoa tem 100% de chance [de progredir com a doença], mas sem dúvida alguma aumenta muito”.

    Krieger faz uma analogia com a predominância de outras doenças, que são desencadeadas por fatores genéticos, como é o caso da hipertensão arterial.

    “Uma das primeiras evidências de que a hipertensão é genética é que você vê várias pessoas de uma mesma família tendo a doença. Agora, nem sempre a doença se comporta igual nestes familiares, porque a influência genética não é a única. Estas são doenças ou problemas multifatoriais, e a mesma coisa acontece aqui nesta infecção [de Covid-19].”

    O pesquisador relembra o começo da pandemia de Covid-19, quando foi identificado que a infecção se comportaria de maneira mais severa em idosos ou pessoas com comorbidades, e diz que, a partir desta nova pesquisa, o objetivo é entender o porquê desta diferenciação.

    “O que agora a gente tem a chance de começar a fazer é tentar identificar o mecanismo pelo qual isso acontece. E aí abre-se a perspectiva ou a possibilidade de novas intervenções.”

    Krieger acrescenta que a estratificação das doenças e infecções auxilia na busca de novas terapias, mas principalmente na escolha mais adequada de qual droga utilizar em cada pessoa.

    “A ideia é que, a partir desses conhecimentos, você comece a entender exatamente quais são os genes, como eles funcionam em uma determinada célula ou tecido, e aí sim isso apresentaria oportunidades de desenvolvimento de novas terapias ou até mesmo o reposicionamento de drogas já existentes.”

    José Eduardo Krieger, do Incor
    José Eduardo Krieger, diretor do Laboratório de Genética e Cardiologia Molecular do InCor (10-07-2021)
    Foto: CNN / Reprodução

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