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    Incapacidade de se manter em pé em uma única perna pode estar ligada ao maior risco de morte, diz estudo

    Pesquisa realizada com brasileiros descobriu que aqueles que não conseguiram realizar o teste de dez segundos tinham chance de óbito aumentada em 84%

    Ingrid Oliveirada CNN , em São Paulo

    Um estudo conduzido por pesquisadores do Brasil, com ajuda de cientistas do Reino Unido, Estados Unidos, Austrália e Finlândia, descobriu que a incapacidade de se manter em pé em uma única perna por dez segundos, em pessoas acima dos 50 anos, está ligada ao risco de morte aumentado em duas vezes nos próximos dez anos.

    Os resultados da pesquisa foram publicados nesta quarta-feira (22) na revista científica British Journal of Sports Medicina.

    Diferentemente da capacidade de realizar exercícios aeróbicos, como andar, correr, nadar, pedalar ou dançar, além de maior força e flexibilidade muscular, conseguir manter o equilíbrio tende a ser bem preservado até os 60 anos, quando essa capacidade começa a diminuir de forma relativamente rápida.

    A análise contou com dados de 1.702 participantes brasileiros com idades entre 51 e 75 anos (média de 61) em seu primeiro check-up, entre fevereiro de 2009 e dezembro de 2020. Cerca de dois terços dos voluntários  (68%) eram homens.

    As informações contaram com dados sobre peso, medidas de dobras cutâneas e o tamanho da cintura.

    Procedimentos

    Os voluntários foram solicitados a ficar em uma perna por dez segundos sem nenhum apoio. A atividade fez parte do check-up.

    Para melhorar a padronização do teste, os pesquisadores também pediram que os participantes colocassem a frente do pé livre na parte de trás da perna oposta, mantendo os braços ao lado do corpo e o olhar fixo à frente. Até três tentativas em cada pé foram permitidas. Veja a imagem:

    Os resultados mostraram que cerca de um em cada cinco participantes não passou no teste –348 voluntários. Segundo a pesquisa, a incapacidade de realizar a atividade aumentou em conjunto com a idade, quase dobrando em intervalos subsequentes de cinco anos a partir dos 51-55 anos.

    Em termos de idade, quase 5% entre 51 a 55 anos não conseguiram fazer o teste. Cerca de 8% das pessoas entre 56 a 60 anos também foram incapazes de se manter por dez segundos sobre um pé. E pouco menos de 18% entre os voluntários de 61 a 65 anos. Em relação ao grupo entre 66 e 70 anos, pouco menos de 37% dos participantes não realizaram a atividade completa.

    Nas pessoas mais velhas, entre 71 e 75 anos, mais da metade (cerca de 54%) não conseguiram completar o teste.

    Segundo os pesquisadores, “as pessoas nessa faixa etária tinham mais de 11 vezes mais chances de falhar no teste do que aquelas apenas 20 anos mais jovens”, escreveram.

    Incidência de morte

    Durante um período médio de acompanhamento de sete anos, 123 (7%) pessoas morreram: 32% foram vítimas de câncer; 30% morreram em decorrência de doenças cardiovasculares; 9% por conta de doença respiratória e 7% por complicações da Covid-19.

    O estudo descobriu também que a proporção de mortes entre aqueles que falharam no teste foi significativamente maior em comparação a quem conseguiu terminar: 17,5% a 4,5%, refletindo uma diferença absoluta de pouco menos de 13%.

    Em um comunicado à imprensa, Claudio Gil Araújo, da clínica de medicina do exercício Clinimex, que liderou a pesquisa, disse que “o teste de equilíbrio de dez segundos fornece feedback rápido e objetivo para o paciente e profissionais de saúde em relação ao equilíbrio estático e que o teste adiciona informações úteis sobre o risco de mortalidade entre mulheres e homens idosos”.

    Em geral, diz o estudo, aqueles que falharam no teste tinham uma saúde pior: uma proporção maior era obesa ou tinha doenças cardíacas, pressão alta e perfis de gordura no sangue não saudáveis.

    Após levar em consideração questões como idade, sexo e condições subjacentes [de saúde], a incapacidade de ficar sem apoio em uma perna por dez segundos foi associada a um risco aumentado de 84% de morte por qualquer causa na próxima década.

    De acordo com os pesquisadores, o estudo é observacional e por isso não consegue estabelecer uma relação entre a causa da incapacidade de realizar o teste e o risco de morte.

    “Como os participantes eram todos brasileiros brancos, as descobertas podem não ser mais amplamente aplicáveis ​​a outras etnias e nações”, alertam os pesquisadores.

    Ainda assim, os cientistas acreditam que teste de equilíbrio pode ser incluído nos exames de saúde de rotina para avaliar a saúde dos idosos.

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