“Exigência de receita médica é um boicote à vacina”, diz infectologista
Carlos Fortaleza afirma que a medida do MS de exigir prescrição médica para vacinação de crianças de 5 a 11 anos vai retardar a imunização dessa faixa etária no Brasil
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, declarou na semana passada que a vacinação contra a Covid-19 para crianças de 5 a 11 anos será feita somente àqueles que levarem uma receita médica na qual prescreva a aplicação do imunizante. À CNN Brasil, o presidente da Sociedade Paulista de Infectologia, Carlos Fortaleza, disse que a medida é um “boicote à vacina”.
“Nunca vi isso, seja nas campanhas contra poliomielite, sarampo, na vacinação de rotina, nunca foi necessário levar uma receita médica. Imagina se teríamos conseguido erradicar a poliomelite com as campanhas do Zé Gotinha se tivéssemos exigido uma receita médica para cada uma daquelas crianças que foram vacinadas”, questionou o infectologista.
“Quando nós pensamos que a vacina é uma medida coletiva, que pode significar o retorno das crianças às escolas, a não circulação de variantes, isso é algo muito valioso que nós temos que estimular. É absurda essa medida de requerer uma receita médica ou uma autorização formal”, acrescentou o médico.
Fortaleza também discorreu sobre a abertura de uma consulta pública realizada pelo Ministério da Saúde para balizar a inclusão de crianças de 5 a 11 anos na campanha de vacinação da Covid-19.
“Consulta pública não se aplica quando não existe polêmica científica e quando as medidas a serem tomadas são emergenciais, como é o caso da Covid”, explicou.
“A consulta pública e a exigência de receita médica vão retardar a introdução da vacina em um momento em que entra uma nova variante, que temos encontros de Natal, de Ano Novo, e vai fazer com que muitas crianças voltem à escola ano que vem não imunizadas, o que é algo que as deixa em risco”, completou o médico.
Segundo levantamento da Agência CNN, até o momento 13 estados informaram que não seguirão a indicação de Marcelo Queiroga sobre a vacinação de crianças. São eles: Paraíba, Rio de Janeiro, Bahia, Ceara, Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais, Maranhão, Espirito Santo, Pará, Acre, Paraná e Goiás.