Exigência de passaporte vacinal é “respeito pelo cidadão brasileiro”, diz Renato Kfouri
Diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações também avaliou transmissibilidade da Ômicron, que terá comportamento "diverso" nos países, afirma
Em entrevista à CNN nesta segunda-feira (13), o infectologista Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBim), classificou a exigência do comprovante vacinal para entrar no país como um gesto de “respeito pelo cidadão brasileiro, que tem atendido aos chamados sanitários [pela vacina] a despeito da propaganda negacionista”.
A medida será adotada após o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinar judicialmente a exigência do chamado passaporte da vacina. A decisão foi tomada no sábado (11) e será analisada pelo plenário da corte.
Anteriormente, porém, a medida adotada pelo governo federal tinha sido de permitir a entrada de não-vacinados com a condição de que eles apresentassem testes RT-PCR e realizassem uma “quarentena” de 5 dias.
Para Kfouri, é “lastimável” que a medida tenha sido imposta pelo Judiciário, já que esta era uma demanda da sociedade científica e da própria Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No entanto, com a variante Ômicron assumindo o protagonismo das infecções mundo afora, a ação foi comemorada pelo especialista.
“É necessário que essas medidas se imponham por um respeito pelo cidadão brasileiro, que tem atendido aos chamados sanitários [pela vacina] a despeito da propaganda negacionista”, diz Kfouri.
Para o infectologista, também é momento de “sequenciar mais” e ficar “atento a alterações de incidência mesmo em casos leves”: “[a Ômicron] já se demonstrou de altíssima transmissibilidade, e será protagonista, substituindo a Delta”, afirma.
Kfouri ressaltou que a mutação encontrará diferentes cenários nos países, o que faz com que as análises sejam localizadas. No Reino Unido, por exemplo, cerca de 40% dos novos casos de Covid-19 identificados em Londres já são causados pela nova variante.
“A Ômicron será desafiada em diferentes cenários. Ela vai entrar em países com cobertura vacinal muito grande, em países com baixíssima cobertura vacinal, em países que utilizaram a vacina A, B ou C. Vai ter certamente um comportamento diverso”, avaliou.
O infectologista também ressaltou que, embora as vacinas não sejam 100% eficazes em impedir a transmissão do vírus, elas diminuem drasticamente as chances de que se contamine um terceiro – mais um fator que pesa para a decisão de adotar-se o passaporte vacinal, afirma.