Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    EUA devem autorizar vacina para Covid-19 logo, mas ainda há dias duros no futuro

    Os principais especialistas alertam que os piores dias da pandemia ainda estão por vir para os EUA; impactos das comemorações de Ação de Graças são esperados

    Christina Maxouris, Jason Hanna e Naomi Thomas, , da CNN



     

    O dia 10 de dezembro registrou um marco imenso no processo de autorização para uma vacina contra a Covid-19 nos Estados Unidos – um fato que surge enquanto o país está se afundando numa crise de saúde que só piora.

    O Comitê Consultivo de Vacinas e Produtos Biológicos Relacionados da FDA (Food and Drugs Administration) – a agência reguladora de medicamentos e alimentos nos EUA – votou para recomendar o concedimento da autorização de uso de emergência para a vacina contra a Covid-19 da Pfizer e BioNTech. As autoridades devem se reunir novamente na próxima semana para discutir a aplicação da vacina da Moderna no país.

    Segundo o doutor Anthony Fauci, a votação é um “passo muito importante”.

    “Queremos comunicar ao povo norte-americano de que as decisões que envolvem sua saúde e segurança são tomadas fora da esfera da política, fora da esfera do autoengrandecimento e são tomadas, em essência, por grupos independentes”, afirmou Fauci à CNN na quinta-feira (10).

    Depois, a FDA levará essa recomendação em consideração antes de tomar uma decisão sobre um uso de emergência. Assim que uma vacina é autorizada, a Operação Warp Speed (a iniciativa do governo federal para desenvolver uma vacina) pode começar a enviar e distribuir a vacina aos estados. Mas a vacinação não começará até que um comitê do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) recomende o imunizante. Esse comitê consultivo se reunirá na sexta-feira (11) e deverá votar no domingo (13) sobre a recomendação da vacina.

    Embora o sinal verde para a vacina para a Covid-19 ofereça uma luz no fim do túnel, os principais especialistas alertam que os piores dias da pandemia ainda estão por vir para os EUA. É provável que surjam mais casos como resultado das viagens e encontros do Dia de Ação de Graças, no último final de semana de novembro. No momento, os EUA agora têm em média mais de 210 mil novos casos diários.

    Leia também:
    Veja o andamento da análise das vacinas contra Covid-19 no Brasil
    Vacina australiana contra Covid interrompe testes após falsos positivos para HIV
    Revolta da Vacina: semelhanças e diferenças no Brasil de 1904 e 2020

    Os números de internações batem recordes diários. Na quinta-feira (10) foi relatado o maior número de pacientes com Covid-19 em todo o país desde o início da pandemia: mais de 107.200, de acordo com o Covid Tracking Project. Uma análise da CNN de dados recém-divulgados do Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS) dos EUA mostrou que pelo menos 200 hospitais nos EUA estavam trabalhando em capacidade máxima na semana passada. Mais de 90% dos leitos de UTI estavam ocupados em um terço de todos os hospitais.

    Além disso, o vírus está ceifando mais vidas norte-americanas a cada dia do que nunca. Na quarta-feira (9) foi registrado o maior número de mortes diárias já relatado pelos Estados Unidos: impressionantes 3.124 óbitos de Covid-19. Mais de 2.700 mortes foram relatadas no dia seguinte.

    “Estamos dentro de um prazo agora que, provavelmente, nos próximos 60 a 90 dias, teremos mais mortes por dia do que no atentado de 11 de setembro”, afirmou o diretor do CDC, doutor Robert Redfield. “Esta vai ser uma perda infeliz de vidas, como tudo o que tivemos até agora, e a realidade é que a aprovação da vacina esta semana não vai causar grande impacto”.

    Destaques do CNN Brasil Business:
    Fim do mistério: nos 40 anos do Chester, empresa divulga fotos do animal vivo
    Lufthansa testa assento ‘leito’ na econômica em voos entre São Paulo e Frankfurt
    Jatinho mais barato do mundo tem até paraquedas de emergência

    Uma linha do tempo para o futuro

    Médicos cuidam de paciente com Covid-19 na UTI
    Médico Ashley Ferrel e fisioterapeuta Karen Miller cuidam de paciente da Covid-19 em UTI de hospital em Chicago, nos EUA
    Foto: REUTERS/Shannon Stapleton

    É provável que os Estados Unidos não vejam nenhum impacto significativo e generalizado das vacinações até 2021. Mas a rapidez com que o país será capaz de se recuperar depende da velocidade com que o povo será vacinado – e de quantas pessoas estão dispostas a receber a vacina.

    “Se tivermos um programa de vacinação tranquilo, onde todos agirem rapidamente, poderemos voltar a alguma forma de normalidade, razoavelmente rápido. No verão e certamente no outono”, disse Fauci à CNN na quinta-feira, referindo-se ao meio do ano e segundo semestre de 2021.

    “Minha esperança e minha projeção é que, se vacinarmos as pessoas em massa, de modo que recebamos essa grande porcentagem da população, assim que entrarmos no outono [segundo semestre de 2021], possamos ter um conforto real de irmos para as escolas, seja do ensino fundamental ou na faculdade”, acrescentou.

    O secretário do HHS, Alex Azar, disse no início desta semana que pelo menos 20 milhões de norte-americanos poderão receber as vacinas para a Covid-19 até o final do mês, 50 milhões até o final de janeiro e pelo menos 100 milhões devem ser vacinados até o final do primeiro trimestre.

    “Continuamos confiantes de que em todo o nosso portfólio de vacinas múltiplas, teremos doses suficientes para qualquer norte-americano que deseje uma vacina até o final do segundo trimestre de 2021″, acrescentou Azar.

    Os EUA estão em crise

    Enquanto o país aguarda ansiosamente a autorização da primeira vacina para a Covid-19, os líderes locais e estaduais dos EUA também estão trabalhando para conter a disseminação do vírus que está devastando comunidades.

    O governador de Ohio, Mike DeWine, anunciou na quinta-feira que está estendendo seu toque de recolher em todo o estado até 2 de janeiro, dizendo que as autoridades acreditam que essa ação, junto com o uso de máscaras, teve um impacto.

    Em Rhode Island, a governadora estendeu uma “pausa” em todo o estado para reabrir mais uma semana, dizendo que a situação no estado estava “ficando assustadora”.

    “Nesta crise, continuamos a perder cidadãos de Rhode Island todos os dias e o meu coração está com todos e cada um de vocês que estão lutando para superar esta pandemia”, disse a governadora Gina Raimondo. “Vamos ficar em casa e honrar a pausa por mais uma semana”.

    Raimondo não foi a única governadora a expressar preocupação com as tendências da Covid-19 nesta semana.

    A governadora do Novo México, Michelle Lujan Grisham, considerou o número de hospitalizações “muito assustador”, com mais de 900 pacientes internados em todo o estado. Pelo menos 159 deles estavam em respiradores.

    “Estamos chegando a um ponto em que é realmente terrível”, afirmou a governadora.

    Enquanto isso, a Louisiana está em uma trajetória de sobrecarregar o sistema de saúde à medida que cresce um terceiro aumento de casos de Covid-19, segundo o governador.

    “Está em uma trajetória que não podemos sustentar por muito mais tempo se quisermos preservar essa capacidade de fornecer cuidados que salvam vidas”, lamentou John Bel Edwards.

    Número provavelmente subestimado, diz o especialista

    Mesmo assim, com a maioria dos estados continua relatando um número significativo de novos casos, internações e mortes, um especialista diz que o número relatado de casos e mortes nos Estados Unidos provavelmente está subestimado.

    Aron Hall, chefe da Divisão de Vírus Respiratórios do CDC, disse na quinta-feira que mais de 15 milhões de casos e mais de 285 mil mortes foram associadas ao vírus.

    “No entanto, com base em pesquisas e modelos de soroprevalência, o número total estimado de infecções é provavelmente duas a sete vezes maior do que os casos relatados”, disse Hall.

    “Sentimos, como acontece com as hospitalizações e doenças, que o número relatado de mortes é provavelmente uma subestimação do verdadeiro número de mortes”, acrescentou ele posteriormente.

    Mesmo com notícias promissoras sobre vacinas, ele disse que há uma necessidade contínua de medidas como o uso de máscaras, distanciamento físico e lavagem regular das mãos para ajudar a acabar com a pandemia.

    Deidre McPhillips, Amanda Watts, Hollie Silverman, Melissa Alonso, Jennifer Selva e Andrea Diaz, da CNN, contribuíram para esta reportagem.

    (Texto traduzido, clique aqui para ler o original em inglês).

    Tópicos