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    Estudo relaciona a vacinação da Covid-19 a pequeno aumento do ciclo menstrual

    Mudança não é clinicamente significativa e não deve causar preocupação, dizem especialistas

    Deidre McPhillipsda CNN

    Depois de receber uma dose da vacina contra a Covid-19, mulheres tiveram uma duração média do ciclo menstrual de cerca de um dia a mais do que o normal, de acordo com um estudo publicado na quinta-feira (6).

    As descobertas validam apontamentos de mulheres nas redes sociais de que a vacina afetou o ciclo menstrual. Mas a mudança não é clinicamente significativa e os especialistas dizem que não deve causar preocupação.

    “O resultado final é que realmente achamos que essas descobertas são tranquilizadoras para a saúde e a saúde reprodutiva”, e elas se encaixam nos dados igualmente reconfortantes sobre a segurança das vacinas da Covid-19 em relação à gravidez e fertilidade, disse Alison Edelman à CNN. A obstetra e ginecologista é professora da Oregon Health & Science University, em Portland, e principal pesquisadora do estudo.

    Mas há uma relação individual com o ciclo menstrual que é muito mais do que clínica, disse Edelman. E esta pesquisa fornece informações concretas para ajudar as pessoas a entender o que esperar, assim como quaisquer outros efeitos colaterais.

    “Digamos que ninguém lhe disse que você ia ter febre (depois de tomar a vacina da Covid-19). Seria algo como, ‘O que aconteceu?'”, ela disse. “E as pessoas têm relacionamentos diferentes com seu ciclo menstrual. Algumas pessoas talvez estejam planejando uma gravidez ou tentando evitar uma gravidez. Mesmo um dia de mudança – e isso é um meio – pode ser desconfortável”.

    Os pesquisadores observaram que o aumento médio na duração do ciclo menstrual “parece ser impulsionado em grande parte” por mulheres que receberam as doses de uma vacina de RNA mensageiro (mRNA), como da Pfizer ou Moderna – dentro de um ciclo menstrual.

    Para este grupo, a duração do ciclo aumentou em média cerca de dois dias. Mas a mudança foi apenas temporária e resolvida em alguns meses, concluiu o estudo. Não havia dados suficientes para dizer quanto tempo a mudança durou nas outras mulheres.

    A regulação do ciclo menstrual pode ser afetada por fatores de estresse da vida diária, do meio ambiente e da saúde. Os pesquisadores descartaram o estresse relacionado à pandemia como a causa das mudanças.

    No entanto, eles observam que as vacinas de mRNA criam uma resposta imune robusta semelhante que pode afetar a regulação do ciclo menstrual temporariamente.

    Uma doença grave e aguda, como a Covid-19, pode ser “catastrófica” para esta regularidade, às vezes permanentemente, escreveram eles.

    No geral, apenas cerca de 5% das mulheres vacinadas tiveram uma mudança clinicamente significativa em seu ciclo de mais de oito dias, mas essa taxa foi quase a mesma entre as mulheres não vacinadas.

    Em agosto, o National Institutes of Health (NIH), dos Estados Unidos, anunciou um investimento de cerca de US$ 1,7 milhão (cerca de R$9,5 milhões) para apoiar cinco equipes de pesquisa no estudo dos efeitos potenciais das vacinas Covid-19 para a menstruação.

    Este é o primeiro desses estudos a ser publicado, um tempo de resposta incrivelmente rápido para esse tipo de pesquisa.

    A pesquisadora Diana Bianchi, diretora do Instituto Nacional de Saúde Infantil e Desenvolvimento Humano Eunice Kennedy Shriver, do NIH, disse à CNN que o investimento nesta pesquisa foi uma resposta direta às preocupações do público norte-americano.

    “Estávamos preocupados que talvez a falta de informação estivesse contribuindo para a hesitação da vacina em mulheres em idade reprodutiva”, disse Bianchi, que não esteve diretamente envolvida na pesquisa.

    Havia uma necessidade desesperada de ter evidências científicas para comunicar às mulheres o que elas podem esperar quando forem vacinadas, e o tempo era essencial, disse ela.

    Uma pesquisa da Kaiser Family Foundation, de dezembro, revelou que quase 60% das mulheres que estão grávidas ou tentando engravidar disseram não estar confiantes de que as vacinas contra a Covid-19 são seguras.

    Mas as evidências que contradizem essas preocupações continuam a aumentar. Um estudo publicado na terça-feira (4) pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos mostrou que mulheres que são vacinadas contra a Covid-19 durante a gravidez não enfrentam risco aumentado de partos prematuros ou de baixo peso.

    O CDC recomenda a vacinação para todas as mulheres grávidas, aquelas que estiveram grávidas recentemente, que estão tentando engravidar ou que possam engravidar no futuro. No entanto, a aceitação da vacina entre as gestantes é baixa: os dados mais recentes mostram que apenas cerca de 40% das mulheres grávidas foram vacinadas.

    “O estudo, por um lado, valida o que algumas mulheres diziam nas redes sociais”, disse Bianchi. “Mas, no geral, no nível de saúde da população, essa ligeira mudança não tem realmente significado clínico. Não deve afetar a fertilidade, e os benefícios de ser vacinado e não ter Covid – mesmo uma versão branda da variante Ômicron – são muito maiores. Você realmente não deveria hesitar em ser vacinada”.

    Ela também dá razão às mulheres por chamarem a atenção nas redes sociais para o fato de que a maioria dos ensaios clínicos não coleta dados sobre os ciclos menstruais, um sinal de saúde e potencial fertilidade que Bianchi diz que o NIH considera ser um sinal vital.

    “A maioria dos ensaios de pesquisa clínica não coletou rotineiramente informações sobre como uma intervenção afeta o ciclo menstrual. Pelo que eu sei, esta é a primeira vez que surgiram informações de que uma vacina pode afetar o ciclo menstrual. Você não ouviu isso com uma vacina contra a gripe, por exemplo”, disse Bianchi. “Portanto, esperamos que isso esteja realmente trazendo a consciência para a importância de coletar informações sobre o ciclo menstrual quando qualquer intervenção é contemplada”.

    Os pesquisadores do estudo analisaram dados de cerca de 4 mil mulheres que usaram o aplicativo Natural Cycles para monitorar a menstruação, incluindo cerca de 2.400 que foram vacinadas ao longo do estudo e cerca de 1.600 que permaneceram não vacinadas.

    Este estudo não aborda especificamente a fertilidade ou outras alterações possíveis nos ciclos menstruais, como sintomas ou sangramento não programado. Os pesquisadores analisaram dados apenas de mulheres que normalmente vivenciam ciclos menstruais regulares, mas observaram que muitas não se enquadram nesta categoria.

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