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    Estudo mostra que médicas trabalham mais por menos dinheiro

    Pesquisa indica que médicas mais exames, passam mais tempo com os pacientes e passam mais tempo discutindo cuidados preventivos

    Médicas passam mais tempo nos consultórios e hospitais
    Médicas passam mais tempo nos consultórios e hospitais Foto: Freepik

    As médicas recebem menos do que os médicos, mesmo trabalhando mais. Um novo estudo mostra que as profissionais mulheres passam mais tempo com os pacientes, solicitam mais exames e passam mais tempo discutindo cuidados preventivos do que seus colegas homens, de acordo com uma pesquisa publicada no New England Journal of Medicine.

    “Isso levanta a questão de saber se estamos pagando pelo que realmente nos preocupamos em saúde”, disse a doutora Ishani Ganguli, especialista em medicina interna da Faculdade de Medicina de Harvard e do Brigham and Women’s Hospital, que liderou a equipe do estudo.

    Ganguli e colegas analisaram dados de faturamento e tempo em mais de 24 milhões de consultas com clínicos gerais nos Estados Unidos em 2017. “Calculamos que as mulheres recebiam 87 centavos de dólar por cada hora trabalhada em comparação com seus colegas homens”, relatou Ganguli à CNN.

    As médicas gastam em média dois minutos a mais por consulta do que os homens. Segundo a doutora Ganguli, não parece muito, mas isso se soma ao longo do tempo, disse Ganguli. E as doutoras não gastam esse tempo batendo papo.

    “Quando você olha consulta por consulta, as mulheres realmente fazem mais durante cada atendimento”, afirmou a médica, ela clínica geral. “Elas fazem mais pedidos de exames, encaminhamentos e prescrevem medicamentos, discutem mais diagnósticos médicos e cuidados preventivos. Portanto, gastam mais tempo em cada consulta”.

    Ganguli e sua equipe não assistiram às consultas, então não podem dizer exatamente o que está acontecendo. “O que usamos como informação foram os dados de pedidos de exames, encaminhamentos e remédios ou o diagnóstico que foi discutido na consulta”, explicou.

    Outros estudos já indicaram que tanto pacientes como médicos preferem passar mais tempo em consultas e que os pacientes se saem melhor, em termos de saúde, quando os profissionais passam mais tempo com eles.

    “Por consulta, após o ajuste do provedor de saúde, das características do paciente e do motivo da consulta, as médicas geraram a mesma receita financeira, mas gastaram 15,7% mais tempo com um paciente”, escreveu a equipe.

    “Sabemos que todos os clínicos gerais têm pouco tempo e que médicos e pacientes querem mais tempo nas consultas”, disse Ganguli.

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    “Portanto, parece que as médicas estão gastando esse tempo, mas há um custo para isso. As profissionais estão respondendo à pressão da sociedade para serem gentis, prestarem atenção e conversarem com os pacientes. E os médicos do sexo masculino estão respondendo à pressão da sociedade para acelerar as consultas para que possam ganhar mais dinheiro com elas”.

    Hannah Neprash, economista de saúde da Escola de Saúde Pública da Universidade de Minnesota que trabalhou no estudo, disse que as descobertas mostram que o sistema de saúde dos EUA usa uma fórmula falha para remunerar os médicos.

    “As médicas relatam as taxas mais altas de burnout e nossas descobertas podem ajudar a explicar o porquê. Se visitas mais longas contribuem para a sensação de pressão do tempo e para um ambiente de trabalho caótico (por causa dos salários mais baixos) é compreensível que a satisfação no trabalho possa ser menor”, escreveu num comunicado.

    Os médicos do sexo masculino também levam vantagem em outras coisas. “Também encontramos evidências de diferenças de faturamento”, escreveu a equipe.

    “Embora as mulheres prestadoras de cuidados primários documentem mais diagnósticos e façam mais pedidos de exames e encaminhamentos, elas são mais propensas a perder oportunidades de cobrar usando códigos de consulta de maior remuneração com base no tempo que passaram com os pacientes, uma descoberta que foi consistente com os resultados de um estudo mostrando que as mulheres radio-oncologistas cobraram menos procedimentos lucrativos do que seus colegas do sexo masculino”.

    (Com informações de Maggie Fox, da CNN)