Estudo mostra carga viral de pacientes com Covid-19 menor em maio do que abril
Pesquisadores italianos apontam possibilidade de medidas de isolamento terem diminuído exposição de pacientes ao vírus, mas não fornece conclusão sobre o caso
Um pequeno estudo de pesquisadores da Itália mostrou que pacientes com Covid-19, que foram examinados para detecção do novo coronavírus em um hospital, em maio, tinham menos partículas do vírus do que aqueles que haviam sido examinados um mês antes.
Os pesquisadores aventaram algumas hipóteses para a “carga viral” menor, entre elas, que as medidas de isolamento podem ter diminuído a exposição dos pacientes ao vírus. O estudo, porém, não forneceu indícios para explicar a conclusão.
Em maio, outro médico italiano disse que “clinicamente, o vírus não existe mais na Itália”, sugerindo que a interação entre o vírus e seu hospedeiro humano mudou.
Alberto Zangrillo, chefe da unidade de tratamento intensivo do Hospital San Raffaele de Milão, disse à época que seus comentários seriam reforçados por uma pesquisa coliderada pelo colega cientista Massimo Clementi a ser divulgada em breve.
Mas o estudo de Clementi, publicado nesta segunda-feira (29) no periódico científico Clinical Chemistry and Laboratory Medicine, não procurou mutações no vírus ou mudanças nos pacientes que poderiam explicar por que a doença pareceu menos grave, em geral, nos pacientes em maio.
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Em vez disso, o estudo procurou ligações entre a gravidade da doença e a quantidade de vírus – a carga viral – nos pacientes.
Os pesquisadores analisaram 200 amostras nasofaríngeas recolhidas no Hospital San Raffaele. Metade era de pacientes tratados em abril, o pico local da pandemia, e metade de pacientes tratados em maio.
Com base nos resultados, os pesquisadores calcularam que as cargas virais dos pacientes estavam mais altas em abril. Os pacientes analisados em abril também tiveram sintomas mais intensos e maior probabilidade de precisar de hospitalização e tratamento intensivo, mostrou o estudo.
As cargas virais foram semelhantes em mulheres e homens, mas mais elevadas em pacientes de 60 anos ou mais e nos casos graves de Covid-19.
A equipe de Clementi disse que, embora seja teoricamente possível que o novo coronavírus tenha sofrido uma mutação, ainda não há dados moleculares para provar essa hipótese.
Entre as outras explicações possíveis estão a prática mais ampla do distanciamento social, do uso de máscaras e da lavagem de mãos em maio do que em abril, as temperaturas mais altas e a poluição menor, disseram.