Estudo da Fiocruz aponta que Covid-19 faz vítimas cada vez mais jovens no Brasil
Adultos jovens e de meia-idade representam uma parcela cada vez maior dos pacientes em enfermarias e unidades de terapia intensiva
O boletim do Observatório Covid-19 da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) divulgado nesta sexta-feira (7) – referente às semanas epidemiológicas 16 e 17 de 2021, de 18 de abril a 1º de maio – aponta que o novo coronavírus faz vítimas cada vez mais jovens no Brasil.
De acordo com os dados do estudo, adultos jovens e de meia-idade representam uma parcela cada vez maior dos pacientes em enfermarias e unidades de terapia intensiva (UTI).
O boletim aponta que a semana epidemiológica 16 apresenta idade média dos casos de pessoas internadas de 57 anos, contra idade média de 63 anos na semana epidemiológica 1. Para mortes, a média foi de 71 anos na semana epidemiológica 1 e de 64 anos agora na semana 16.
O aumento global de casos, para todas as idades, foi de 483,1% entre os dias 1º de janeiro e 1º de maio. Algumas faixas etárias apresentaram aumento ainda maior:
- 20 a 29 anos (622,7%)
- 30 a 39 anos (892,1%)
- 40 a 49 anos (955,9%)
- 50 a 59 anos (875,4%)
- 60 a 69 anos (585,9%)
Para os óbitos, o aumento global entre as mesmas semanas foi de 259,1%. As mesmas faixas etárias sofreram aumento diferenciado:
- 20 a 29 anos (654,5%)
- 30 a 39 anos (562,8%)
- 40 a 49 anos (692,9%)
- 50 a 59 anos (568,4%)
- 60 a 69 anos (379,9%)
Números preocupam
O boletim aponta também que, apesar da queda no número de casos e óbitos por Covid-19, os níveis ainda estão muito altos no país.
A análise dos pesquisadores aponta uma alta proporção de testes com resultados positivos e a sobrecarga de todo o sistema de saúde, indícios que indicam que a pandemia se mantém num patamar crítico de transmissão, com valores altos de incidência e mortalidade, formado a partir de março de 2021.
“A ligeira redução de casos e óbitos por Covid-19 não significa que o país tenha saído de uma situação crítica, pois as médias diárias de 59 mil casos e de 2,5 mil óbitos nestas duas semanas epidemiológicas se encontram em patamares muito elevados”, alertam os pesquisadores do Observatório, responsáveis pelo Boletim.
“Além disso, os altos níveis para SRAG [Síndromes Respiratórias Agudas Graves] e casos de Covid-19 significam uma elevada demanda para o sistema de saúde, com consequências na taxa de ocupação de leitos. Somente com a redução sustentada por algumas semanas, associada à aceleração da campanha de vacinação e à intensificação de ações de distanciamento físico e social, combinadas com proteção social, será possível alcançar a queda sustentada da transmissão e a redução da demanda pelos serviços de saúde”, diz o estudo.
Leitos de UTI
O boletim informa também que, entre 26 de abril e 3 de maio, as taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos tiveram uma tendência lenta de queda em quase todo o país, “embora ainda longe de indicar um quadro tranquilo”.