Estudo constata ineficácia de cloroquina e hidroxicloroquina contra Covid-19
No quadro Correspondente Médico, neurocirurgião Fernando Gomes analisa pesquisa publicada pela revista científica Nature
Na edição desta segunda-feira (26) do quadro Correspondente Médico, do Novo Dia, o neurocirurgião Fernando Gomes comentou uma publicação na revista científica Nature que avaliou um conjunto de estudos, com quase 100 cientistas, que mostra que a cloroquina e a hidroxicloroquina não são eficazes contra a Covid-19.
O estudo analisou cerca de 30 pesquisas com mais de 10 mil pacientes. Cerca de 14% de pessoas com Covid-19 tratadas com hidroxicloroquina morreram, enquanto que, no grupo de controle, que são os pacientes que utilizaram placebo, o número foi de 17%. Já entre os pacientes tratados com cloroquina, a mortalidade foi de 11%. No grupo de controle, o número ficou em 8% – ou seja, a diferença da mortalidade entre os que tomaram ou não os remédios é muito pequena.
Gomes explicou que o levantamento ajuda a entender se essa diferença de mortalidade no uso dos remédios é de fato real ou não. “Os trabalhos mostraram que não. Na verdade, não influenciou nem para melhorar nem para piorar [o tratamento da doença]”, disse o médico.
“Na teoria, teria tudo a ver usar cloroquina e hidroxicloroquina contra a Covid-19. São remédios de fácil aplicação, mas tem complicações e cuidados que precisam ser levados em consideração. Porém, quando abrimos estudos e fazemos revisão sistemática, diversas publicações ao redor do mundo não mostraram impacto importante ao ponto de justificar a utilização do remédio nessa doença.”
O médico ainda explicou a diferença química entre os dois medicamentos. “O nome é parecido, mas eles são diferentes. A hidroxicloroquina tem a presença de um átomo de oxigênio, é a única diferença dela para cloroquina. Por causa desse átomo, a cloroquina apresenta muito mais efeitos colaterais do que a hidroxicloroquina.”