Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Estrangeiros podem se vacinar em outros países? Entenda a distribuição

    Após a notícia da aprovação, dúvidas sobre quem pode se vacinar, como e quando começam a surgir

    Primeiras doses da vacina contra Covid-19 desenvolvida pela Pfizer-Biontech devem chegar ao Reino Unido em dois dias
    Primeiras doses da vacina contra Covid-19 desenvolvida pela Pfizer-Biontech devem chegar ao Reino Unido em dois dias Foto: Dado Ruvic - 10.nov.2020/Reuters

    Luana Franzão*, da CNN, em São Paulo

    Na manhã desta quarta-feira (2), a vacina em desenvolvimento pela farmacêutica Pfizer e a empresa de biotecnologia BioNTech foi aprovada para uso emergencial no Reino Unido e deve começar a ser distribuída no país a partir da semana que vem.

    Após o anúncio de que a população poderá receber o imunizante da Pfizer/BioNTech contra o novo coronavírus, duas perguntas surgem em primeiro lugar: quem receberá a primeira vacina aprovada para uso geral no ocidente contra a Covid-19 e como?

    A agência regulatória de medicamentos do Reino Unido, a MHRA, afirmou que cidadãos em grupos de risco serão os primeiros a receber a vacina. O Comitê de Vacinação e Imunização do país divulgou a seguinte ordem de grupos para imunização:

    1º – Idosos em casas de repouso e hospitais voltados para a terceira idade — e seus funcionários;
    2º – Todos com 80 anos de idade ou mais, e também trabalhadores da saúde e de assistência social;
    3º – Todos com 75 anos ou mais;
    4º – Todos com 70 anos ou mais e pessoas em situações de saúde extremamente vulneráveis;
    5º – Todos com 65 anos ou mais;
    6º – Pessoas entre 16 e 64 anos que possuem condições de saúde que possam torná-las mais vulneráveis a desenvolver formas mais graves da Covid-19 ou ao óbito pela doença;
    7º – Todos com 60 anos ou mais;
    8º – Todos com 55 anos ou mais;
    9º – Todos com 50 anos ou mais;

    O Comitê prevê que estes grupos cobrem entre 90% a 99% dos indivíduos com maior risco de morte pelo novo coronavírus.

    No Reino Unido, todos aqueles que são residentes legais no país poderão se vacinar se desejarem, independentemente da nacionalidade. Estrangeiros que fizerem parte dos grupos listados acima também podem buscar essa vacinação, desde que sejam cidadãos britânicos. Não é possível, no entanto, viajar para receber a vacina e retornar, visto que a distribuição está restrita aos residentes.

    O premiê Boris Johnson comemorou o anúncio da aprovação, e afirmou que a vacinação não será compulsória. Espera-se, entretanto, que a maior parte da população busque a imunização. No país, não será possível comprar a vacina em clínicas e laboratórios privados, pois a distribuição dos imunizantes será unificado através do sistema de saúde público, o National Heath Service (NHS).

    As primeiras doses da vacina já estão sendo encaminhadas para cerca de 50 hospitais nas maiores cidades, o que indica a vacinação prioritária dos trabalhadores de saúde. O NHS confirmou que planeja criar pontos de vacinação em massa em estádios e centros de convenção. A pesquisadora, entretanto, enfatiza que este deve ser um segundo momento da vacinação.

    Leia também:
    Temperatura, doses e preço: o que se sabe sobre a vacina de Pfizer
    Dados do final de outubro já indicavam piora da Covid-19 em SP, diz médico
    Plano de Imunização só será entregue com vacina registrada na Anvisa, diz Saúde

    Pedestre caminha entre lojas fechadas em Machester, Inglaterra

    Pedestre caminha entre lojas fechadas em Machester, Inglaterra
    Foto: REUTERS/Phil Noble

    Desafio logístico

    A perspectiva da aprovação da primeira vacina da Covid-19 no ocidente para uso geral é animadora, mas há alguns gargalos a serem superados para a ampla distribuição do imunizante. 

    A infectologista e pesquisadora da Universidade de Oxford, Ana Luíza Gibertoni Cruz, destaca que, apesar de os anúncios preverem uma ‘imunização em massa’, será necessário priorizar alguns grupos em um primeiro momento. Isso porque a quantidade de doses disponíveis é limitada, já que são necessárias duas doses para garantir a proteção.

    De acordo com dados do governo britânico, o país encomendou cerca de 40 milhões de doses da vacina Pfizer/BioNTech para os cerca de 66 milhões de habitantes.

    Outra dificuldade tem sido as dificuldades no armazenamento da vacina, que precisa ser refrigerada a -70°C, o que demanda aparelhos especiais. A especialista lembra, porém, que existe um espaço de tempo em que a vacina pode ser armazenada em refrigeradores comuns. Com planejamento segundo ela, a distribuição pode ultrapassar esse empecilho.

    “O transporte ocorre em caixas especiais que podem conter até 5 mil doses, envoltas por gelo seco. Depois da entrega, as vacinas podem ser mantidas em refrigeradores normais por até 5 dias. Portanto, existe uma janela de uso que dispensa as baixíssimas temperaturas”, explica.

    A vacinação também será um enorme desafio logístico. A pesquisadora explica que o caminho da vacina deve passar primeiramente por grandes supermercados, que devem agir como centros de distribuição, por conta da grande quantidade de refrigeradores. De lá, serão encaminhadas para os pontos de vacinação e aplicadas nos grupos prioritários. Tudo isso em um prazo de menos de cinco dias.

    No Brasil

    O desafio de distribuição pode ser maior no Brasil, por uma série de motivos. Alguns dos mais apontados por especialistas são as dimensões continentais do país e a necessidade de refrigeração da vacina. Em um país mais quente e extenso como o Brasil, a logística de distribuição é mais complexa e demandará mais investimento. 

    A vacina da Pfizer/BioNTech não tem o perfil desejado pelo Ministério da Saúde por causa do esforço de distribuição e pelos valores que deveriam ser desembolsados. Além do gasto com a refrigeração, as doses da vacina são mais caras do que outras. No entanto, de acordo com informações da comentarista política da CNN, Basília Rodrigues, o Ministério da Saúde não descarta a compra de doses da vacina, desde que seja aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

    *sob supervisão de Leonardo Lellis