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    Estados retomam cirurgias eletivas com o avanço da vacinação contra a Covid-19

    Segundo um levantamento feito pela Agência CNN, pelo menos 18 estados e o Distrito Federal retomaram os procedimentos

    Elizabeth Matravolgyi e Julyanne Jucá, da CNN, em São Paulo

     

    Com o avanço da vacinação e a diminuição da demanda de pacientes da Covid-19 em leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI), pelo menos 18 estados e o Distrito Federal decidiram retomar a realização de cirurgias eletivas nos hospitais públicos. A suspensão dos procedimentos ocorreu no início da pandemia no Brasil, em março de 2020.

    A Agência CNN entrou em contato com as secretarias estaduais de Saúde do país, que informaram que a retomada das cirurgias eletivas, consideradas não urgentes e/ou que podem ser agendadas sem prejuízo dos pacientes, têm ocorrido de forma gradual, acompanhando a queda da curva epidemiológica do coronavírus nas regiões. 

    Os estados de Sergipe e Acre foram os primeiros a retomar as cirurgias eletivas no país. No caso do Acre a retomada foi em janeiro deste ano, enquanto em Sergipe os procedimentos voltaram a ser feitos no final de 2020.

    A Secretaria de Saúde de São Paulo não especificou a data em que retomou esses procedimentos, mas informou que têm sido agendados ou reprogramados avaliando cada caso, “dependendo da orientação médica e do quadro do paciente”.

    Alguns estados têm adotado medidas de forma a acelerar esse processo, como a criação de programas e planos que diminuam o impacto nos leitos e no uso de medicamentos necessários para a realização das cirurgias. 

    Pernambuco, apesar de ter determinado o retorno dos agendamentos, informou em nota que “ a liberação, neste primeiro momento, deve atender os procedimentos com anestesia locorregional – anestesia localizada onde paciente, a princípio, não necessita de intubação – e internação hospitalar”, condicionando a gravidade da cirurgia à capacidade de recursos humanos e de medicamentos.  

    O Paraná autorizou o retorno no último dia 12, mas afirmou que “diante de qualquer outra movimentação do cenário da pandemia no Estado, novas medidas poderão ser tomadas” pela pasta. “A Sesa ressalta ainda, que a orientação para o retorno vale para as unidades que possuem capacidade de recursos humanos, com equipes profissionais disponíveis, insumos (incluindo medicamentos) e condições operacionais de realizar os procedimentos”, diz a nota.

    Já o Mato Grosso, por exemplo, lançou o Programa Mais MT Cirurgias com o objetivo de reduzir drasticamente a fila de espera no estado. Segundo a Secretaria de Saúde, o programa visa realizar 138 mil procedimentos, que serão custeados com incentivo de aproximadamente R$ 105 milhões, destinados aos hospitais públicos e privados por meio de parceria com as prefeituras dos municípios.

    Além do Distrito Federal, os outros estados que já retomaram os procedimentos eletivos são Espírito Santo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia, Rio Grande do Norte, Piauí, Alagoas, Ceará, Maranhão, Pará e Amapá.

    Goiás está entre os estados que ainda não decidiram voltar a realizar procedimentos não urgentes. O estado é o único do país que apresenta ocupação de leitos de Terapia Intensiva (UTI) superior a 80% até a madrugada desta quinta-feira (22). Segundo o último levantamento da Agência CNN 83,33% das UTIs estavam sendo ocupadas.

    Sala de cirurgia
    O fluxo de cirurgias eletivas diminui muito durante a pandemia
    Foto: National Cancer Institute via UnSplash

    Tocantins, outro estado que ainda mantém suspensos os procedimentos eletivos, afirmou apresentar obstáculos no reagendamento, mas já tem um plano de retomada a ser colocado em prática quando houver melhora nos índices. Em nota, o estado alega que, “além do risco de contaminação, seria necessário maior estoque de oxigênio, insumos como kit de intubação, além de sangue para transfusões, cujos estoques são escassos.” 

    Um bilhão de procedimentos em espera

    De acordo com os dados divulgados pelo Conselho Nacional de Secretarias Municipais (Conasems), no ano de 2020, cerca de um bilhão de procedimentos cirúrgicos eletivos foram adiados e/ou não realizados devido à pandemia da Covid-19, na rede de hospitais do SUS.

    A nível de comparação, a rede de hospitais públicos, em 2019, realizou 12 milhões de internações, fez 3,7 bilhões de atendimentos ambulatoriais e 430 milhões de atendimentos na atenção básica. 

    No caso da Bahia, segundo a secretaria estadual de Saúde, cerca de 50 mil cirurgias deixaram de ser feitas desde o início da pandemia. O estado voltou a realizar as cirurgias eletivas no dia 15 de julho. 

    Já em Santa Catarina a fila é de 100 mil procedimentos cirúrgicos. Em nota, a secretaria de estado da Saúde disse que planeja “iniciar uma força-tarefa para diminuir o impacto das filas de cirurgias eletivas em Santa Catarina após a conclusão do calendário vacinal contra a Covid-19. A partir do primeiro dia de outubro, o Estado assume o compromisso de atenuar o quadro e regionalizar mais o acesso da população.”

    Segundo o Conasems, a suspensão se deu devido a uma série de motivos. De acordo com o órgão, no auge da pandemia não havia profissionais de saúde suficientes para realizar o atendimento a pacientes de Covid-19 e ao mesmo tempo realizar cirurgias eletivas. Houve também a falta de insumos, como medicamentos para intubação orotraqueal. A medida foi tomada não apenas para liberar leitos de UTI, mas também para impedir que os pacientes eletivos fossem expostos ao vírus. 

    O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), que é responsável pelas secretarias estaduais de Saúde, disse que irá realizar uma assembleia na próxima quarta-feira (28), onde será discutida a recomendação ou não da volta das cirurgias eletivas em todos os estados. 

    Até a publicação desta reportagem, os estados do Rio de Janeiro, Amazonas e Rondônia não responderam aos questionamentos da CNN. Até a noite desta quarta-feira (21), o Brasil registra 19.473.954 casos confirmados da Covid-19 e 545.604 óbitos por Covid-19.

    Cirurgias eletivas
    Cirurgias eletivas, apesar de não serem emergenciais, são essenciais para manter a saúde do paciente
    Foto: Jonathan Borba via UnSplash