Especialistas questionam termo ‘segunda onda’ sobre casos de Covid-19 no Brasil
Médicos infectologistas debateram se números atuais da pandemia indicam uma nova onda de infecções no país
Apesar de um levantamento feito pela Fundação Oswaldo Cruz apontar o crescimento nos casos de internações por Covid-19 em regiões que já tinham apresentado queda, médicos infectologistas pedem cuidado ao classificar a situação como uma segunda onda da pandemia no país.
Em entrevista à CNN, o pesquisador da FioCruz Julio Croda diz que devemos considerar que cada cidade e estado “teve uma epidemia de Covid” diferente.
“[Por isso], cada estado e cidade pode viver ou não uma segunda onda [de infecções]. Tudo depende da intensidade em que a circulação ocorreu no passado e das medidas preventivas que estão sendo adotadas no momento de flexibilização”, explicou.
O infectologista Carlos Magno Fortaleza, membro do Comitê de Contingência do Estado de São Paulo, acrescentou que, na medicina, uma segunda onda de pandemia é analisada quando uma doença já está controlada na população.
“Como não chegamos nessa fase ainda, o próprio termo segunda onda fica questionável. Acho que estamos vivendo fases diferentes no país”, apontou Fortaleza.
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Diretor da Sociedade Paulista de Infectologia e médico do Hospital das Clínivas, Evaldo Stanislau concorda que é necessário avaliar os números regionais da pandemia, e não apenas os nacionais. Ele ainda destacou que a falta de testagem no Brasil dificulta a análise da evolução da pandemia.
“Entrando numa fase em que outras doenças respiratórias poderão também se confudir com a Covid, a gente tem que ter muito cuidado ao rótular como ‘segunda onda’.”