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    Especialistas explicam o que fazer para ajudar uma pessoa com crise de epilepsia

    Paciente deve ser colocado em posição lateral para prevenir possíveis engasgos; confira outras orientações de neurologistas

    Lucas RochaMaria Eugênia Castilhoda CNN Brasil Soft , em São Paulo

    A epilepsia é uma alteração temporária e reversível do funcionamento do cérebro marcada por crises repetidas. As causas podem ser lesões no cérebro, infecções, abuso de bebidas alcoólicas e uso de drogas.

    A doença traz uma bagagem de preconceitos e estigmas que envolvem questões sociais e psicológicas que vão além da medicina. No passado, as crises das pessoas com epilepsia provocavam medo e espanto e, por isso, elas eram levadas para cultos religiosos e até mesmo internadas com demência.

    A epilepsia é um termo atribuído a um conjunto de doenças que levam a uma disfunção do cérebro e que se manifestam com crises epilépticas, que são eventos associados a um mal funcionamento do cérebro.

    Existem crises em que a disfunção é localizada em uma área específica do cérebro, a crise focal. Quando isso se espalha para o cérebro como um todo, é chamada de crise generalizada, como a tônico crônica, conhecida popularmente como convulsão. Há também as crises refratárias, que são aquelas que não respondem ao tratamento com fármacos, chamados no passado de anticonvulsivantes.

    Especialistas consultados pelo CNN Sinais Vitais afirmam que a forma equivocada de ajudar uma pessoa com crise ainda persiste (veja a íntegra acima).

    “De 1 a 2% da população mundial apresenta crises epilépticas ao longo da sua vida. No Brasil, mais de 2 milhões de pessoas têm epilepsia. É um tema de saúde pública”, diz o especialista Carlos Alberto Mantovani Guerreiro, neurologista e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) com ênfase em Epilepsia e Neurofisiologia Clínica.

    Como ajudar uma pessoa com crise de epilepsia

    De acordo com os especialistas, um erro comum diante de uma crise é tentar ajudar puxando a língua do paciente ou colocando o dedo na boca. Além de não ajudar, a medida pode machucar a cavidade oral do paciente ou quem está tentando prestar auxílio.

    O neurologista Carlos Alberto Mantovani Guerreiro explica que o mais importante é não deixar a pessoa de barriga para cima, mas sim na posição lateral. Com a rigidez do corpo durante a crise, a pessoa não consegue engolir a saliva e pode engasgar.

    “A saliva deve ser eliminada para não ter risco de aspirar e virar um problema sério para o sistema respiratório”, comenta Guerreiro. “Primeira coisa numa assistência à uma crise é ter calma. E o mais importante é colocar suporte, travesseiro para não bater a cabeça. A maioria das crises é autolimitada e demora, no máximo, 1 minuto, é interrompida normalmente e a pessoa se recupera”, diz o especialista.

    Em casos mais severos, pode acontecer o estado de mal epiléptico, onde as crises são bastante recorrentes e demoradas, e a pessoa corre o risco de morte. Por isso, os especialistas recomendam seguir um tratamento adequado de acordo com cada tipo de epilepsia.

    O chefe do serviço de epilepsia do Departamento de Neurologia da Unicamp, Fernando Sandis, explica que cerca de 80% das pessoas com epilepsias focais, aquelas causadas por uma lesão identificada por exames de imagem podem ser curadas a partir de cirurgia.

    “Precisamos aprender para saber qual paciente precisa ser mandado de maneira rápida para tratamento. Existe um referenciamento tardio para o diagnóstico. As crianças, por exemplo, tomam fármacos e ficam intoxicadas antes mesmo de se identificar qual o tipo correto de epilepsia e a melhor forma de tratamento”, avalia Kette Valente, presidente da Liga Brasileira de Epilepsia.

    Diferentes tipos de epilepsia

    O CNN Sinais Vitais também revelou os diferentes tipos de epilepsia e quais as causas e formas de tratamento, desde o uso correto de fármacos até o uso de cirurgia ou dietas. A equipe apresenta a rotina de pessoas com epilepsia que, embora convivam com as crises, podem levar uma vida normal.

    A atriz e modelo Laura Neiva relata ter enfrentado dificuldades em aceitar o tratamento com medicamentos. “Logo que eu fui diagnosticada, eu descobri que tinha que tomar remédio para vida toda. Eu fiquei inconformada e parei de tomar remédio, em segredo. E eu tive uma convulsão dirigindo e bati o carro. Então, passei a aceitar o tratamento”, conta.

    O programa apresenta ainda a mudança de rotina da atriz Julia Almeida, diagnosticada com a doença. Ela conta como lida com a condição, as crises e fala sobre a importância de se permitir e se escutar para continuar com um cotidiano mais leve.

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